São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995
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Grupos divergem sobre questão

DA REPORTAGEM LOCAL

As entidades e associações que representam outras religiões que não a católica se dividem em dois grupos principais.
Um grupo defende que a formação religiosa das crianças deve ser feita pelos pais e pelas congregações religiosas -não por escolas.
O segundo grupo é a favor do ensino religioso, mas defende que ele deve ser ecumênico, apresentando as diversas crenças.
A posição contrária ao ensino religioso nas escolas tem sido defendida, principalmente, pela comunidade judaica e pelos grupos afro-brasileiros.
"Acho difícil que a rede estadual possa responder com qualidade à obrigação de oferecer ensino religioso", afirma Vera Bobrw, 53, presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo. "O ensino religioso de qualidade exigiria professores extremamente bem formados", acrescenta.
Já a posição favorável ao ensino religioso nas escolas reúne uma grande diversidade de religiões, com destaque para a católica e as evangélicas.
"Somos a favor de que o ecumenismo da religião seja ensinado, não só a religião católica", diz Lameh Smeili, 31, editor das publicações do Centro de Divulgação do Islã para a América Latina.
Para ele, "a forma de ensino que a Igreja Católica está propondo pode prejudicar as minorias e essas têm que ter a garantia da conservação de suas crenças".
As 17 federações e associações de religiões afro-brasileiras (umbanda, candomblé, tradição de orixás, entre outras) são contrárias ao ensino religioso pelas escolas do Estado, afirma o presidente do Conselho de Participação e Desenvolvimento do Estado de São Paulo, Antonio Carlos Arruda, 43.
O conselho é ligado à Secretaria de Governo e reuniu as entidades para debater o assunto. "Não é o papel do Estado oferecer ensino religioso", diz Arruda.

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