São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995
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Aluna diz ter sido xingada por professora

DA REPORTAGEM LOCAL

A aluna Lucinéia Pereira Gomes, 19, acusa a professora Suelina Vaner Mattos, 34, de tê-la xingado de "macaca" durante uma aula na escola estadual de 1º e 2º graus Plínio Damasco Pena, no Parque Mandi (zona norte de SP).
Segundo Lucinéia, que cursa a 8ª série, no último dia 21 ela pediu que a professora corrigisse os exercícios. Irritada com o pedido, Suelina teria mandado que a menina saísse da sala. Antes de sair, Suelina teria chamado a menina de "macaca". "Ela ainda me chamou de retardada e ameaçou me dar um tapa", afirma Lucinéia.
"É mentira. Foi ela quem me agrediu. Disse que eu era grossa", diz Suelina. Segundo ela, Lucinéia já tinha sido advertida três vezes (leia texto ao lado).
Lucinéia registrou boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Defesa da Mulher (zona norte).
O professor de artes da escola, Paulo César Andrade, também diz que foi chamado de "negro" pela professora.
Ele registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Investigações sobre Crimes Raciais.
Esse é o terceiro caso registrado em menos de um mês em São Paulo por alunos que dizem ter sido xingados por professores.
No último dia 29, o aluno da 7ª série da escola estadual Ministro Dilson Funaro (zona norte), Clayton Wilson de Lima, 15, disse ter sido xingado de "preto" e "vagabundo" pela professora de português Ana Maria dos Santos.
Ana Maria nega e pediu afastamento das aulas. O caso também foi registrado na Delegacia de Investigações sobre Crimes Raciais.
Na semana anterior, a delegacia havia registrado o primeiro caso desse tipo ocorrido em 95. A universitária Daniela Bueno, 19, afirmou que foi chamada de "sobrinha do Pelé e de Benedita da Silva" durante uma aula de marketing na Universidade Paulista (Unip).
O professor Agostinho Turbian, 38, confirma a acusação, mas diz que não pretendia ofendê-la.
Pela Constituição, xingar uma pessoa de "preto" ou "macaco" não é racismo. Sofre racismo alguém que é impedido de fazer algo ou de ir a algum lugar. O xingamento é considerado injúria. A pena é de um a seis meses de prisão.

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