São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995 |
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Maluf manda colorir favelas da zona sul
VICTOR AGOSTINHO
Inspirado na rua argentina El Caminito, do bairro de La Boca, de Buenos Aires (leia texto nesta página), o Projeto Reboco, como foi batizado pela Secretaria da Habitação, vai atingir inicialmente cem casas. A casas estão sendo pintadas de verde, vermelho, azul, amarelo e ocre. A pintura da Sete de Setembro terminará no próximo dia 2. Além de deixar as favelas mais belas, o objetivo da prefeitura é impermeabilizar as paredes das casas. Por meio de jateamento (bombas e mangueiras) o cimento com o pigmento é lançado sobre as casas de alvenaria. O resultado é uma parede chapiscada e colorida. Segundo o secretário da Habitação, Lair Krahenbuhl, idealizador do projeto, até fevereiro de 1996 outras 1.500 casas de seis favelas das áreas de mananciais (de onde é captada a água consumida pela população) da Guarapiranga vão ser pintadas. Três milhões de pessoas usam a água da Guarapiranga. O secretário afirmou que a prefeitura não está gastando nada com o Projeto Reboco. O pigmento foi doado pela CPE (Companhia de Pigmentos Especiais) e o reboco, pela Concrejato. O custo da doação está avaliado em R$ 4,5 mil para essas primeiras cem casas (R$ 45 por casa). "Para as empresas é interessante fazer a doação porque, se der certo o projeto, pode virar referência em revestimentos de favelas e casas de alvenaria. As favelas vão ficar mais alegres", disse Krahenbuhl. O Projeto Reboco é a parte visível de uma obra de recuperação de mananciais que está sendo tocada pela prefeitura e pelo governo do Estado -o Programa Guarapiranga. Esse programa vai criar infra-estrutura de água e esgoto para sete favelas. Estão sendo feitos 24,6 km de rede de água e esgoto e será canalizado um córrego que passa no meio da favela. A canalização vai evitar que o esgoto seja lançado diretamente na represa de Guarapiranga. A obra, orçada em R$ 9 milhões, será paga pelo Bird (Banco Mundial, 53%) e pela prefeitura (47%). A principal reclamação dos moradores da favela é quanto às cores escolhidas para as casas. A dona-de-casa Célia Santos, 22, que mora na Sete de Setembro há dez anos, disse que sua casa ficou mais bonita. "Mas eu queria mesmo é que fosse pintada de azul." A casa ficou amarela. Maria do Socorro Oliveira, 28, também reclamou das cores. "Eu estava viajando e, quando voltei, encontrei metade vermelho e metade verde. Queria tudo verde." Texto Anterior: Ladrões furtam Catedral da Sé Próximo Texto: La Boca é um bairro boêmio Índice |
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