São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995
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Maluf manda colorir favelas da zona sul

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Paulo Maluf mandou rebocar e colorir as casas da favela Sete de Setembro, em Guarapiranga (zona sul de SP). É um teste que, se der certo, vai ser estendido para outras favelas de São Paulo.
Inspirado na rua argentina El Caminito, do bairro de La Boca, de Buenos Aires (leia texto nesta página), o Projeto Reboco, como foi batizado pela Secretaria da Habitação, vai atingir inicialmente cem casas.
A casas estão sendo pintadas de verde, vermelho, azul, amarelo e ocre. A pintura da Sete de Setembro terminará no próximo dia 2.
Além de deixar as favelas mais belas, o objetivo da prefeitura é impermeabilizar as paredes das casas. Por meio de jateamento (bombas e mangueiras) o cimento com o pigmento é lançado sobre as casas de alvenaria. O resultado é uma parede chapiscada e colorida.
Segundo o secretário da Habitação, Lair Krahenbuhl, idealizador do projeto, até fevereiro de 1996 outras 1.500 casas de seis favelas das áreas de mananciais (de onde é captada a água consumida pela população) da Guarapiranga vão ser pintadas. Três milhões de pessoas usam a água da Guarapiranga.
O secretário afirmou que a prefeitura não está gastando nada com o Projeto Reboco. O pigmento foi doado pela CPE (Companhia de Pigmentos Especiais) e o reboco, pela Concrejato. O custo da doação está avaliado em R$ 4,5 mil para essas primeiras cem casas (R$ 45 por casa).
"Para as empresas é interessante fazer a doação porque, se der certo o projeto, pode virar referência em revestimentos de favelas e casas de alvenaria. As favelas vão ficar mais alegres", disse Krahenbuhl.
O Projeto Reboco é a parte visível de uma obra de recuperação de mananciais que está sendo tocada pela prefeitura e pelo governo do Estado -o Programa Guarapiranga.
Esse programa vai criar infra-estrutura de água e esgoto para sete favelas. Estão sendo feitos 24,6 km de rede de água e esgoto e será canalizado um córrego que passa no meio da favela.
A canalização vai evitar que o esgoto seja lançado diretamente na represa de Guarapiranga. A obra, orçada em R$ 9 milhões, será paga pelo Bird (Banco Mundial, 53%) e pela prefeitura (47%).
A principal reclamação dos moradores da favela é quanto às cores escolhidas para as casas.
A dona-de-casa Célia Santos, 22, que mora na Sete de Setembro há dez anos, disse que sua casa ficou mais bonita. "Mas eu queria mesmo é que fosse pintada de azul." A casa ficou amarela.
Maria do Socorro Oliveira, 28, também reclamou das cores. "Eu estava viajando e, quando voltei, encontrei metade vermelho e metade verde. Queria tudo verde."

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