São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995
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Aula discute origem do pensamento racista

DA REPORTAGEM LOCAL

Não resolve apenas delatar o preconceito racial. É preciso também entender que preconceito é esse e como ele se conforma na sociedade. Não há racismo bom ou ruim. Há versões diferentes de estruturas semelhantes.
Dessa forma a professora Lilia Schwarcz concluiu a aula que abriu ontem o curso de difusão cultural da USP sobre a trajetória do pensamento racista no Brasil, em rememoração aos 300 anos da morte de Zumbi dos Palmares.
Lilia, antropóloga, falou sobre a construção do pensamento científico determinista racial em fins do século 19 no Brasil.
A professora mostrou como na época os teóricos da raça se ancoravam na biologia para justificar a discriminação. Era a "naturalização das diferenças", o uso da ciência para transformar problemas de ordem política e econômica em questões biológicas.
"No final da escravidão e começo da República, a discussão racial surgiu como forma de impedir a discussão da cidadania."
A antropóloga falou também sobre a transformação do conceito biológico de raça em conceito cultural nos anos 30. "Hoje, para entender o preconceito racial, é preciso reconhecer esse mito e ver de que maneira todos nós fazemos parte dele, de formas diferentes."
"O brasileiro parece uma ilha, cercado de preconceitos. Perguntado se é preconceituoso, ele diz que não. Se você pergunta se ele conhece alguém preconceituoso, aparecem vários nomes. É o preconceito de ter preconceito."

PROGRAMAÇÃO - Aulas das 17h às 19h até 29 de setembro. Tel. 818-3745. Hoje: "A Respeito de um Racismo Silenciado", Kabenguele Munanga (anfiteatro da Geografia).

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