São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995
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O fim da inocência

MARIA ERCILIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Acabou a festa. A partir de quinta-feira passada, quem quiser registrar um endereço na Internet tem de pagar US$ 100, mais US$ 50 por ano.
A taxa não atinge endereços de usuários comuns, só proprietários de serviços (por exemplo, macdonalds.com).
O registro não vai custar uma fortuna, mas tem seu potencial simbólico. Aos poucos os subsídios e as gratuidades vão se retirando da Internet. E não é que a Embratel foi profética? Antes de o registro ser pago nos EUA, eles já estavam cobrando...
O subsídio da National Science Foundation, que pagava a conta dos registros, expira dia 1º de outubro. O Internet Multicasting Service (instituição sem fins lucrativos) já anunciou que vai interromper a colocação gratuita de todos os documentos do serviço de marcas e patentes norte-americanos também no dia 1º.
Justamente quando entra em vigor o Paperwork Reduction Act, lei americana que obriga o governo a distribuir suas bases de dados ao público de maneira eficiente. O IMS afirma que está passando a bola para o governo.
Pena. O Edgar, dispositivo de busca do IMS, é uma mão na roda. Até dia 1º ainda dá para conferir.
Imagens inocentes
Os subsídios recuam e o policiamento aumenta. "Imagens Inocentes" é o nome da operação do FBI que resultou na prisão de 12 pessoas supostamente envolvidas com pornografia infantil na quarta-feira passada.
O FBI chegou até essas pessoas analisando mensagens colocadas na America On Line durante dois anos.
A AOL não anda numa fase boa, apesar de ter triplicado o número de assinantes no último ano (são 3,5 milhões). Sofreu dois ataques de hackers recentemente e foi criticada por não ter avisado seus clientes do problema, para que eles trocassem senhas e cancelassem cartões de crédito.
Pierce Reid, da Compuserve, disse ao "The New York Times": "A histeria é tanta que os clientes pensam que não há nada além de pornografia por aí". O fórum campeão da Compuserve -que não tem áreas de sexo- é o de religião.
O aumento populacional nas redes de computador traz problemas parecidos com os das cidades grandes. Aumenta o crime, aumenta o policiamento.
Mesmo com todas essas histórias, para quem usa a Internet o bom-senso continua a ser a medida. Não mandar mensagem com informações confidenciais é uma boa idéia, a não ser que você saiba usar programas de criptografia. Vírus por e-mail não existe (embora seja bom rodar um antivírus em programas baixados via FTP) e pornografia continua a ser mais fácil na banca da esquina.
TV Internet
Ainda é cedo para dizer se esse tipo de solução vai funcionar. Mas a empresa sueca Infral AB anunciou um programa para World Wide Web para ser usado em TVs equipadas com teletexto, o Ibit (Internet Browser for Interactive Teletext). Só na Suécia existem 3,6 milhões de TVs com teletexto.
A Philips CD Online Service anunciou também planos de conectar a Europa à Internet por meio de aparelhos de TV. A tecnologia da Philips necessita de um leitor interativo de CDs, além de modems especiais.
Talvez uma idéia dessas fosse interessante para o Brasil. Temos mais de 35 milhões de aparelhos de TV e menos de três milhões de computadores domésticos.
O exemplo da Philips e da Infral mostra que a Europa está procurando soluções próprias, já que não há mesmo país no mundo onde o computador seja tão barato e comum como nos EUA.
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