São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995
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Igreja Universal; ACM e Giannotti; Corumbiara; Língua do povo; Violência nos campos; Psicanálise; Coerência

Igreja Universal
"Lendo a reportagem sobre a Igreja Universal, fico pensando que trabalhei a vida toda contribuindo compulsoriamente para a Previdência, boa parte desse tempo pagando o teto da contribuição e acabando por me aposentar com proventos ridículos. Sabendo que um pastor recebe casa, automóvel e um salário maior do que ganho como aposentado, fico na expectativa de que o 'bispo' Macedo venha a criar franquias de sua seita, de modo que eu também possa participar dessa mamata e esquecer que um dia fui previdenciário."
Carlos Bruni Fernandes (São Paulo, SP)

"Fiquei entusiasmado quando li a reportagem sobre a Igreja Universal do Reino de Deus. Tomara que os cálculos de que os protestantes serão maioria no Brasil no ano 2015 se concretizem. Não podemos esquecer que as maiores potências são países de maioria protestante, como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha etc.. E que um dos principais berços das desigualdades sociais está na América Latina católica."
João Paulo Sanford (São Paulo, SP)

"Existe um preconceito histórico contra os protestantes no Brasil. E isso se confirma lendo na Folha (17/9) a quilométrica reportagem sobre a Igreja Universal. Não faço parte da citada igreja, mas me indigna ver que o jornal -que apregoa respeito às minorias- só dá espaço para os evangélicos se for para achincalhá-los."
Alba de Carvalho (São Paulo, SP)

ACM e Giannotti
"Espero que a polêmica entre o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL) e o filósofo José Arthur Giannotti, travada por meio de artigos publicados na Folha, seja mais uma ocasião para que alguns peessedebistas possam refletir sobre a aliança política que eles apoiaram, defenderam e levaram a governar o país. Não me refiro àqueles que acham que o fim justifica todos e quaisquer meios ou àqueles que consideram o poder um fim em si mesmo. Esses devem estar satisfeitos, continuando a se enganar, uma parte até de boa-fé. Refiro-me a muitos peessedebistas bem-intencionados, que, a esta altura dos acontecimentos, devem (assim espero) se perguntar sobre a possibilidade de construir um país mais justo, democrático e ético em sociedade com aqueles que sustentaram a ditadura militar, levaram o Brasil a ser um dos países mais violentos e corruptos do mundo, a ter a terceira evasão escolar do planeta e a ser o campeão mundial da desigualdade social."
Oded Grajew (São Paulo, SP)

"A Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais) vem apresentar sua solidariedade ao professor José Arthur Giannotti diante das agressões que vem sofrendo do senador Antônio Carlos Magalhães. O político baiano demonstra não ter a mais remota idéia da importância da obra e do trabalho, em geral, do professor Giannotti, intelectual no apogeu de sua maturidade, para a cultura brasileira. Mesmo entre os que possam discordar, filosófica ou politicamente, do professor Giannotti existe a certeza de sua profundidade intelectual e respeitabilidade moral. As tentativas de desmoralizá-lo estão fadadas ao insucesso."
Gilberto Velho, presidente da Anpocs (São Paulo, SP)

"Melhor faria o senador baiano se tivesse ficado calado. Parece ter sentido o golpe do artigo do professor Giannotti na Folha de domingo passado contra sua tentativa de chantagem."
Arthur de Moraes Cesar (São Paulo, SP)

Corumbiara
"Tomei conhecimento do resultado das análises das ossadas encontradas no acampamento dos 'sem-terra' de Corumbiara. Lembro que, desde o início, declarei ignorar se eram ossos humanos ou de animais. Apenas especialistas poderiam dar a resposta. A Unicamp, pelo exmo. dr. Fortunato Palhares, pronunciou-se: são pedaços de ossos suínos e bovinos. Isso nos tranquiliza e acaba com os boatos insistentes sobre cremação de corpos após a chacina. É claro que esse resultado, que por um lado nos alivia, em nada diminui a gravidade e a crueldade dos acontecimentos de Corumbiara, que deverão ser esclarecidos e devidamente punidos."
Geraldo Verdier, bispo de Guajará-Mirim (Guajará-Mirim, RO)

Língua do povo
"Se o professor José Carlos de Almeida Azevedo já não sabe o que esperar da 'terra de Pindorama', que vá se alojar na torre da marfim do MIT e lá permaneça, nos poupando do seu sarcasmo. Darcy Ribeiro permanecerá entre nós, alerta, carinhoso e inspirador, por muitos e muitos anos. O Brasil está farto de doutores mumificados, que não sabem a língua do povo e não respeitam as nossas origens. Darcy não é monoglota. Ele canta, a seu jeito, um hino de amor ao país, nas muitas línguas em que se exprime a nossa gente."
Cláudio Alves de Amorim (Salvador, BA)

Bráulios
"Muito me entristeceu quando soube que o ministro Jatene sucumbiu à vontade dos 'Bráulios' e retirou a campanha do ar. Utilizando uma linguagem didática e bem-humorada, os comerciais, ao contrário de serem ofensivos aos senhores de nome Bráulio, eram sim uma enorme evolução no que diz respeito às campanhas de prevenção da Aids. Quanto aos Bráulios, acho que deveriam parar de se preocupar com seus próprios umbigos e lembrar que existe um problema muito mais importante do que eventuais piadinhas."
Alexandre Suannes (São Paulo, SP)

Violência nos campos
"Preocupada com a violência dentro dos campos de futebol, faço aqui uma sugestão: que tal descontar 20% do salário de cada jogador expulso? No mês de setembro, o sr. Marcelinho receberia apenas 60% de seus vencimentos. Assim ele deixaria de lado o seu estrelismo e voltaria a jogar seu futebol."
Nelma P. Leão (São Paulo, SP)

Psicanálise
"Constantemente a Folha utiliza, no campo da psicologia, explanações da prática psicanalítica no que diz respeito às interpretações do comportamento humano. Desconhece o jornal que até a última contagem existiam cerca de 500 tipos de psicoterapias no mundo? A que se deve essa preferência?"
Cristiano R. F. Nabuco de Abreu (São Paulo, SP)

Coerência
"Fantástica a entrevista do vice-governador do Pará atacando os partidos pelo fisiologismo (18/9). Ao lado de sua foto, foi publicada a 'carreira' do dito cujo: 'Diretor da Secretaria de Educação e da Companhia de Processamento de Dados de 87 a 91 (governo de seu pai), diretor da Companhia de Informática de Belém, de 93 a 94 (prefeitura de seu pai).'. Que coerência!"
José Eduardo Bandeira de Mello (São Paulo, SP)

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