São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 1995
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Militares decidem impedir saída de adido

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os comandantes militares recomendaram na reunião do Alto Comando, que terminou ontem em Recife, que o Exército resista e não aceite a saída da Embaixada do Brasil em Londres do coronel Armando Avólio Filho. Ele é o adido militar e foi acusado pela Anistia Internacional e pelo grupo Tortura Nunca Mais de ter participado de sessões de tortura durante o regime militar (64-85).
A reunião durou dois dias e analisou também o orçamento do Exército, a participação das Forças Armadas nas missões e forças de paz da Organização das Nações Unidas e a ação dos sem-terra.
O ponto mais polêmico foi o caso do adido. A maioria dos comandantes acha que o Exército não deve ceder à pressão dos movimentos de direitos humanos e do Itamaraty, que querem a saída imediata de Avólio.
Os comandantes militares consideram a retirada do adido um ato revanchista e argumentam que ele era um oficial subalterno que cumpria ordens no regime militar.
Na reunião do Alto Comando, o ministro do Exército se comprometeu a estudar o caso Avólio com base em um estudo do Estado-Maior, que vai analisar o prejuízo pessoal para o coronel, para a instituição militar, para a imagem do Brasil e os problemas que a sua manutenção criaria no relacionamento com o governo inglês.
Avólio assumiu o posto em Londres em maio de 94. Sua missão só terminaria em maio de 96.
Todos os adidos são exonerados ao completar um ano na função, numa espécie de exoneração informal, que serve para a burocracia nomear e treinar o substituto.
Quando Avólio foi exonerado, grupos de direitos humanos entenderam o ato como a retirada do adido. No início do mês, o Itamaraty passou a pressionar por sua saída. Avólio foi chamado a Brasília e sua volta depende de negociações do Exército com o governo.

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