São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 1995
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Troca de seringa evita que Aids se espalhe

DA REPORTAGEM LOCAL; COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Programa reduz propagação do HIV e não aumenta número de usuários de drogas, diz estudo dos EUA
Programas de troca de seringa para usuários de drogas injetáveis reduzem os riscos de propagação do vírus HIV na população e não contribuem para o aumento do número de dependentes de drogas.
A conclusão é de um painel que reuniu especialistas do Conselho Nacional de Pesquisa dos EUA e da Associação Médica Americana.
Os programas orientam usuários de drogas para que troquem suas seringas usadas por novas, descartáveis e gratuitas. Dessa forma, eventuais vírus presentes em seringas usadas não são transmitidos.
As entidades americanas recomendam a modificação das leis locais e estaduais para por fim às restrições que impedem o livre acesso de usuários de drogas às seringas descartáveis.
Segundo o painel, não há evidências de aumento do consumo de drogas entre os participantes dos programas, nem de aumento no número de usuários de drogas.
O painel também concluiu que programas que ensinam usuários de drogas injetáveis a desinfetar as agulhas não trabalham com a situação real "das ruas" e recomendou estudos para que se criem procedimentos mais simples.
Desde 1990, o Estado de Connecticut (EUA) tem um programa em que pesquisadores avaliam o número de infectados por meio do número de seringas trocadas.
Os cientistas recomendaram à secretaria do Departamento de Saúde anular a lei de 1988 que proíbe o uso de fundos federais norte-americanos para financiar esses programas.
O painel alertou para o risco de as proibições continuarem vigorando, "a menos que os clínicos gerais dos EUA determinem que tais programas são eficazes para prevenir a propagação da Aids".
O painel, presidido por Lincoln Moses, da Universidade Stanford (EUA), divulgou que os novos casos entre homossexuais caíram de 74%, em 1981, para 47%, em 1993, mas cresceram entre usuários de drogas, de 12% para 28%.
Em abril deste ano, Salvador (BA) tornou-se a primeira cidade do Brasil a implantar o programa de troca de seringas.
Programas semelhantes já foram testados em 50 cidades dos EUA, bem como na França, Reino Unido, Austrália e Canadá.

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