São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 1995
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Senado quer pacote anticorrupção na Casa

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Senado decidiu implantar uma série de medidas administrativas para combater a corrupção em processos de compra de produtos e contratação de serviços pela Casa.
Segundo o diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, responsável pela blitz, o objetivo é evitar "irregularidades a partir de agora".
Maia pretende reduzir os custos das obras, uma determinação do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e desburocratizar o processo administrativo para dar mais agilidade à administratação.
Empossado no cargo há dois meses e meio, o diretor-geral apurou indícios da ação de cartéis de empresas que fornecem materiais e prestam serviços ao Senado. Essas empresas formam conluios para fraudar as licitações da Casa.
Maia cita como exemplo a troca do carpete do Salão Azul do Senado. A Folha revelou que houve superfaturamento superior a 200% no serviço.
O diretor-geral checou os dados e confirmou que os preços estavam muito acima do mercado. A licitação não foi anulada porque venceu o menor preço, como determina a legislação.
A partir de agora, antes de publicar qualquer licitação, o Senado vai fazer uma tomada de preços. Se os preços oferecidos pelas empresas concorrentes forem superiores aos de mercado, a concorrência será anulada.
Para ampliar o universo dos concorrentes, o Senado vai publicar editais em Brasília, São Paulo, Rio e Minas. Antes, eram publicados apenas em Brasília.
"Num universo maior, é mais difícil formar conluio. Empresas de Estados diferentes não têm como acertar preço", diz o diretor-geral.
Para evitar a corrupção interna, Maia adotou métodos de controle do processo administrativo. "Agora, quem compra não paga. Quem paga não recebe. Quem emite cheque não assina", afirma.
O diretor diz que é mais difícil a prática de fraudes quando há um número maior de pessoas e diversos departamentos envolvidos num mesmo processo.
Outra medida implantada é o acompanhamento da tramitação dos processos diretamente pela Diretoria-Geral. Às terças-feiras, os chefes de departamentos relatam o andamento da cada processo.
A ordem é simples: um processo não pode ficar mais de um dia na mão de um funcionário.
"Quem fica com um processo na mão uma semana, 15 dias, é porque está esperando o contato da empresa para receber alguma coisa", diz o diretor.
O diretor-geral do Senado afirmou que os R$ 15 milhões previstos para obras no orçamento do Senado serão gastos na reforma do Anexo 1 (uma das torres do Congresso).

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