São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 1995![]() |
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SP discute quem paga professor de religião
FERNANDO ROSSETTI
Segundo a assessoria de imprensa da secretaria, tudo, desde o conteúdo do que será ensinado até o horário das aulas e o pagamento de professores, deve ser discutido e decidido pela comissão criada em junho para tratar da questão. Anteontem, após reunião do governador Mário Covas e de membros da comissão com bispos da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a secretária da Educação, Rose Neubauer, havia afirmado que os professores de religião "seriam do quadro do magistério" -o que significa que teriam de ser pagos pelo Estado. "Professores que já são do quadro do magistério podem se habilitar para oferecer essa carga suplementar", disse, então, Neubauer. A secretária também afirmou que o ensino deveria apresentar uma visão ecumênica. As declarações geraram constrangimento em membros da comissão que deveria deliberar sobre o assunto -com representantes do governo, do Conselho Estadual de Educação, de universidades estaduais e da Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação). "Eles nem sequer esperaram a comissão terminar o seu seu trabalho e já decidiram", criticou o secretário-geral do Centro Islâmico de Campinas, Mohamed Habib, 53, professor titular da Unicamp, que decidiu não participar hoje de uma reunião com a comissão. Habib defende que as escolas trabalhem o ensino de ética, moral e cidadania -"valores comuns a todas as religiões"- e que "deixem as crenças para cada um". Ontem, o governo manteve o cronograma apresentado na segunda-feira. Até o final de outubro serão ouvidas todas as posições possíveis em torno da questão. Em novembro, a comissão elabora um documento com sua proposta e o envia ao Conselho Estadual de Educação, que decide sobre conteúdos curriculares. No início do ano, Neubauer revogou resolução do governo Fleury que criou o ensino religioso. Como isso é garantido pela Constituição, ela formou a comissão. Texto Anterior: Antropólogo fala sobre o 'racismo silenciado' Próximo Texto: 'Isenção' é impossível, diz deputado Índice |
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