São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 1995![]() |
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Alviverdes e alvinegros revivem fábula
ALBERTO HELENA JR.
Esse quadro, desenhado com as tintas da caricatura, deixa bem nítidas as diferenças entre Palmeiras e Corinthians, que, ainda outro dia, disputavam o título paulista, com clara superioridade corintiana em dois jogos: depois da conquista, o campeão virou cigarra e o milionário Palmeiras continuou sendo formiga. Isto é: enquanto o Palestra, sempre com o suporte financeiro da Parmalat, reforçava-se, o Corinthians se enfraquecia com as saídas de Bernardo e Viola, sem esboçar nem um gesto sequer de reação. Claro que o nível técnico do atual elenco corintiano não é para cumprir tão desastrosa performance. Tanto que, no returno, a história será outra. Acontece que, além do relaxamento pós-conquista de dois títulos consecutivos (Copa do Brasil e Campeonato Paulista), além da perda de jogadores importantes (Bernardo, taticamente; Viola, psicologicamente), em razão do medo que varreu nossos estádios, o Corinthians perdeu também sua mais poderosa arma: o grito da Fiel. Já o Palmeiras, que começara bem o torneio, vacilou, para reerguer-se em seguida com duas vitórias sobre expressivos adversários -Flamengo e Corinthians. Agora, com a renovação de contratos pendentes, exibe um elenco de causar inveja a qualquer um. Tanto que Cafu, contratado para resolver o problema da lateral direita, vai se firmando no meio-campo, enquanto Índio parece reencontrar-se com o futebol perdido. A ausência de Roberto Carlos, na outra lateral, começa a ser suprida por Flávio Conceição. Assim, a tendência desse time é cada vez crescer mais na competição, com o vasto e valioso leque de opções de que dispõe o técnico do meio-campo para frente: oito craques para seis posições. E Maradona, numa jogada espetacular, disparou um petardo no centro do peito de João Havelange, onde bate uma vaidade do tamanho da Fifa. Fez a União Mundial dos Jogadores de Futebol, que já marca um gol de saída: a condenação de torneios internacionais, como a Copa do Mundo, em horários impróprios para a prática do esporte. Como aconteceu no ano passado, nos EUA, com jogos ao meio-dia, sob um sol de rachar catedrais, como gostava de dizer Nélson Rodrigues. Não é só desumano como, sobretudo, um atentado ao futebol, que, sob o domínio de Havelange, pode ter-se espraiado nos cantos mais escondidos do mundo, mas que também baixou ao mais rasteiro nível técnico da sua história. Negócios e futebol caminham juntos, é verdade. Mas um não pode sobrepujar o outro, sob pena de sufocar o parceiro. Texto Anterior: Botafogo, em crise, pega o Juventude Próximo Texto: Favoritismo total Índice |
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