São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 1995
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Supergrass tem a Inglaterra a seus pés

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA FOLHA

Todo ano, a imprensa musical inglesa elege uma banda como "a próxima grande coisa". Em 95, é a vez de Supergrass.
Os elogios deixam Oasis, a "grande coisa" do ano passado, passando mal.
Com Supergrass, não é só a imprensa. O estilista Calvin Klein está caído pelo vocalista da banda, Gaz Coombs. Quer o cantor de 19 anos como garoto-propaganda de seus jeans. Gaz desconversa.
O álbum de estréia, "I Should Coco", calibra punk inglês dos 70 com melodias dos Beatles e atitude "mod" (modernista) da década de 60. É o que a maioria das novas bandas britânicas anda gravando.
Mas Supergrass tem as suíças de Gaz, que lembram Elvis em fase decadente, e uma percussão que projeta Keith Moon (o falecido baterista do The Who) nas baquetas de Danny Goffey. A banda chama mais atenção que o resto.
Gaz e Danny faziam parte de um grupinho obscuro de Oxford, The Jennifers, há pouco mais de um ano. Foi tudo rápido. A entrada do baixista Micky Quinn, o contrato com a grande Parlophone/EMI, o "hype" (promoção exagerada), a tontura do sucesso.
A Folha falou por telefone com Micky Quinn, 25, o integrante mais velho do grupo, em Winsconsin, no meio-oeste dos EUA, durante a primeira turnê americana do Supergrass.

Folha - Supergrass quer dizer "maconha forte"?
Micky Quinn - Pode ser, especialmente porque fala-se em legalizar a maconha na Inglaterra. Mas "supergrass" também é uma expressão para coisas estúpidas.
Folha - O sucesso não veio rápido demais?
Micky - A imprensa inglesa resolveu levantar a gente, enquanto deixa uma dúzia de boas bandas sem reconhecimento, porque elas não têm um cantor bonitinho de 19 anos. É a vida. É triste.
Se a gente fosse acreditar no que dizem sobre a banda, nunca mais seria capaz de gravar uma música decente.
Folha - Que década influencia mais a música do Supergrass?
Micky - Os anos 60. Perdi a oportunidade de viver a década por apenas três semanas. O que me atrai no período é que ele está fora de moda. As bandas de agora só ouvem Buzzcocks e The Jam. Estão com fixação nos anos 70.
Folha - Já existe um rótulo para a sua geração?
Micky - Tem: "Britpop". Mas não encoraje a imprensa inglesa.
Folha - A depressão dos "shoegazers" (bandas que ficam olhando para os pés) deu lugar a um rock alegre na Inglaterra?
Micky - A gente só toca. Não quer criar uma nova cena. Nossas músicas são pop, isto é: alegres. Mas se é a hora de ser alegre, a gente não tá nem aí.
O que acha da comparação com Green Day nos EUA?
Micky - Green Day se inspira na música inglesa. Deve fazer sentido. O vídeo deles é bom.

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