São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Marlene' estuda o ser dividido

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

No caso, a de Laie Anderson (Hanna Schygula), cantora que lançou a música de grande sucesso entre os soldados alemães e se tornou uma espécie de mito oficial do nazismo.
Na vida de Laie existia uma contradição essencial: amava um judeu (Giancarlo Giannini). São dois pólos opostos, o nazismo e os judeus. Soma-se a isso outro tipo de oposição: entre felicidade e infelicidade, sucesso e desgraça.
Em inúmeros de seus filmes, Fassbinder procurou mostrar (e combater) as marcas da intolerância na sociedade alemã, mesmo após a Segunda Guerra Mundial.
Curiosamente, "Lili Marlene" adota um tom sóbrio em relação ao drama pessoal da cantora. Tira dela o estigma de ter feito sucesso em determinada época e local. Em contrapartida, busca matizar os fatos que dizem respeito à vida e às contradições de uma pessoa, acompanhá-los e compreendê-los.
O resultado é um dos momentos em que mais foi fiel ao melodrama, tal como o definiu Douglas Sirk (o mestre do melô da Universal nos anos 50, de quem Fassbinder foi discípulo assumido): a transposição da tragédia para o universo burguês.

Texto Anterior: Supergrass tem a Inglaterra a seus pés
Próximo Texto: Mitchell volta ao país com grupo do Harlem
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.