São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 1995
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Cerqueira tenta acalmar oficiais da PM

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O secretário estadual da Segurança Pública do Rio, general da reserva Nilton Cerqueira, tentará hoje apaziguar os oficiais da PM (Polícia Militar).
Cerqueira convocou uma reunião de emergência a ser realizada nesta noite no quartel-general da corporação.
Os 2.200 oficiais da PM estão em campanha aberta por melhorias salariais e revisão da política de segurança implantada no Estado desde a posse de Cerqueira, em 18 de maio deste ano.
Houve também reação a uma determinação de Cerqueira, que exigiu por escrito que cada comandante de batalhão abrisse investigação para apurar quais tenentes haviam participado de uma passeata silenciosa realizada na segunda à noite no centro do Rio.
A passeata, que reuniu cerca de cem tenentes, serviu para protestar contra os níveis salariais e a insegurança das incursões em favelas planejadas pela secretaria.
As respostas enviadas pelos comandantes dos batalhões surpreenderam Cerqueira.
Também por escrito, os comandos de dois batalhões da zona norte responderam, por exemplo, que nada havia a ser investigado.
Irritado com a negativa e preocupado com a repercussão dos protestos de coronéis, tenentes-coronéis e tenentes, Cerqueira decidiu fazer a reunião, da qual devem participar cerca de 200 oficiais de todas as patentes.
Cerqueira mandou cada comandante de batalhão, centro de ensino e de treinamento e divisão designar cinco oficiais para o encontro. Os comandantes não foram convidados para a reunião.
O secretário ordenou ainda ao comandante-geral da PM, coronel Dorasil Castilho Corval, que se reunisse ontem à noite com os comandantes de batalhões.
Na reunião, Corval tentaria enquadrar os comandantes nas normas de disciplina e respeito à cúpula da Secretaria da Segurança, exigidas por Cerqueira.
As manifestação de repúdio à administração de Cerqueira começaram na sexta-feira passada.
Em reunião no quartel-general da Polícia Militar, o secretário foi interpelado por 60 coronéis e tenentes-coronéis -as mais altas patentes da corporação.
Os coronéis e tenentes-coronéis se queixaram do corte de gratificações, da sobrecarga de trabalho, da exposição de policiais ao perigo e de decisões tomadas pelo secretário sem consulta ao comando geral da corporação.
Protesto
Ontem, cerca de 30 mulheres de PMs realizaram uma manifestação em frente ao palácio Guanabara, sede do governo estadual do Rio.
As mulheres pediam melhores salários e condições de trabalho para seus maridos.

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