São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 1995 |
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A marcha dos insensatos
LUÍS NASSIF O caso Banespa é uma sucessão de erros.Errou a Fazenda, por não ter apresentado até agora uma proposta factível sequer para a renegociação das dívidas estaduais. Sabe-se que a arma da burocracia é a inércia. Mas só funciona quando o lado contrário não dispõe de poder de retaliação. Usar dessa arma contra o mais influente Estado do país foi imprudência indesculpável do Banco Central, que acirrou agudamente a crise política. Por seu lado, o governo do Estado errou por imprevidência. Não só demorou a pensar uma solução para suas dívidas, como -sabe-se lá por quê- torpedeou a única herança responsável deixada pelo governo Fleury: um anteprojeto do ex-secretário José Fernando Boucinhas criando uma caixa de amortização com ativos privatizáveis, que permitiria administrar a dívida paulista. No começo do ano, o projeto foi derrubado na Assembléia Legislativa, com os votos da bancada tucana. Vai ver, porque nele constava a palavra maldita -um fundo de privatização. Agora, chega-se à conclusão de que a única saída é um fundo desse tipo. Mas é preciso percorrer novamente todo o caminho original. Erra também a classe política paulista, pensando que poderá encontrar uma saída política exclusiva para São Paulo. A dívida é do Estado, constituída por governadores legalmente eleitos. Sua irresponsabilidade foi relevada por todos os poderes constituídos. A imprensa calou, o Judiciário fechou os olhos, o Tribunal de Contas é o Tribunal de Contas, a Assembléia mamou. E se quer o quê, agora? Que a Federação zere o jogo para começar tudo de novo? Como se vai instituir a responsabilidade na hora do voto se todas as leviandades de governadores eleitos são jogadas para debaixo do tapete por essa anistia espúria? Erra, finalmente, o presidente da República achando que o problema não é com ele. Nem com ele, nem com Malan. Deve ser com Washington Luís. Sebrae É equivocada a posição do presidente do Sebrae nacional, Guilherme Afif Domingos, de propor uma devassa no órgão e só adotar alguma providência contra o superintendente Mauro Durante se houver provas. Afif não é juiz da situação, mas o principal acusado pela politização irresponsável do órgão. Na edição de ontem de "O Globo", aliás, o repórter Ascânio Seleme revela que o plano de comunicação do Sebrae previa o financiamento de uma "caravana da cidadania" por todo o país, para trabalhar politicamente o nome do chefe da caravana: o próprio Afif. Agora, o órgão está na berlinda, submetido a uma campanha irracional que poderá acabar com um belo trabalho de quatro anos, e não dispõe de interlocutor algum no Congresso. Afif já comprometeu demais o órgão com sua irresponsabilidade e poderá levá-lo à extinção se persistir no cargo. Salvaria o que resta de sua biografia de homem público se pedisse demissão e levasse junto sua cria, o superintendente Mauro Durante. Saúde Para evitar distorções e manipulações de suas análises, seria conveniente que os criteriosos auditores do TCU (Tribunal de Contas da União) analisassem a situação da saúde em locais onde foi implantada a municipalização completa. Constatariam que todas essas distorções por eles apontadas são de responsabilidade do atraso da implantação da municipalização -justamente por falta de recursos. Texto Anterior: Colgate anuncia demissões Próximo Texto: Superávit comercial de agosto é de US$ 328 mi Índice |
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