São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 1995
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Arquivo contém 129 dossiês de sindicatos

DENISE MADUEÑO
DA ENVIADA ESPECIAL A GOIÂNIA

Documentos encontrados ontem no arquivo do extinto Dops (Departamento de Ordem Política e Social) de Goiás comprovam que a DRT (Delegacia Regional do Trabalho), subordinada ao Ministério do Trabalho, colaborava com a polícia política durante o regime militar (1964-1985).
Fichas com nomes e dados de candidatos e integrantes da direção de sindicatos rurais e urbanos foram encaminhadas pela delegacia de Goiás à Secretaria de Segurança pública do Estado. Até a Constituição de 88, os sindicatos eram subordinados ao ministério.
O arquivo tem dossiês de 129 sindicatos, referentes ao período de 1979 a 1982. As fichas eram enviadas à Secretaria de Segurança com ofícios assinados pelo delegado regional do Trabalho em Goiás.
A pasta com os dados do sindicato dos jornalistas tem, além das fichas com dados pessoais, fotos e opiniões a respeito dos candidatos e integrantes da entidade.
Cópia
Os documentos foram catalogados por uma comissão formada por representantes da UFG (Universidade Federal de Goiás) e governo do Estado encarregada de fazer o inventário dos documentos.
"Constatamos que funcionava como norma. Todas as chapas que se inscrevessem para a diretoria dos sindicatos tinham uma cópia remetida ao Dops", afirmou o professor Orlando Ferreira de Castro, integrante da comissão.
Ele diz que achou fichas de participantes de sindicatos de trabalhadores e de empresários, como o de Estabelecimentos de Saúde.
Também membro da comissão, o professor Orlando Francisco da Silva considerou a atitude da DRT ilegal. "A lei não previa a necessidade do envio das fichas dos profissionais à secretaria de segurança", afirmou Silva.
Familiares de desaparecidos políticos deverão chegar hoje a Goiânia para acompanhar a abertura do arquivo do Dops.
Até ontem foram abertas duas das nove caixas entregues pelo Exército ao governo do Estado e repassadas à universidade.

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