São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governador ironiza o Banco Central

CARLOS MAGNO DE NARDI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas adotou ontem a ironia para criticar o BC (Banco Central) e questionar sua competência em encontrar uma solução para o impasse em torno do Banespa.
Em duas entrevistas ao longo do dia, Covas não poupou o BC que, conforme a Folha revelou ontem, daria apoio à rolagem da dívida do Estado com o Banespa, de R$ 13,5 bilhões, por até 30 anos.
Pela manhã, ao ser questionado sobre essa possibilidade, Covas disse que para encontrar uma solução "basta (o BC) usar a competência adotada nos últimos anos em que fiscalizou o Banespa e permitiu que a dívida saísse de zero para R$ 9 bilhões".
Em seguida, o governador voltou à carga: "ou pode adotar ainda a competência que tem usado nesses nove meses como administrador do banco, quando sem dúvida o Banespa paralisou grande parte de suas atividades. Com essa competência, ele (o BC) acha uma solução para o banco".
Com suas afirmações de ontem, Covas complementa sua opinião, repetida desde o início de sua gestão, de que o BC foi conivente com supostas irregularidades cometidas em governos passados no Banespa.
Quanto à proposta de rolagem da dívida dos Estados -articulada no Senado, o governador tucano disse que, apesar de não "raciocinar sobre hipóteses", não se importaria em avaliá-la.
O relacionamento de Covas com a instituição financeira federal ficou ainda mais delicado com a declaração do diretor de Normas e Fiscalização do BC, Cláudio Mauch, de que o governo de São Paulo não havia apresentado proposta formal para encerrar a intervenção.
A afirmação foi contestada pelo governador no início da semana. A Folha apurou que a orientação no governo estadual é criticar o BC.
Em entrevista ontem a emissoras de rádio, por exemplo, o secretário estadual André Franco Montoro Filho (Planejamento) disse ser uma "irresponsabilidade" declarações como a de Mauch, que "abalam o mercado".
Embora considere legítima a ofensiva de deputados federais e estaduais para encerrar a intervenção, Covas nega que tenha adotado a articulação poítica.
"Podia até ter conversado com o presidente da República, mas sempre fiz questão de colocar esse problema num plano não político. Sempre evitei politizar a questão". Covas não foi encontrado, no final da tarde, para comentar a disposição de FHC em conversar com ele.
A diretoria do BC não comentou os ataques de Covas ontem.

Texto Anterior: FHC vai resolver caso Banespa com Covas
Próximo Texto: Capitalização vai ser exigida
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.