São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 1995
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Testemunha de chacina no Rio tenta o suicídio

DA SUCURSAL DO RIO

Wagner dos Santos, 22, uma das testemunhas da chacina da Candelária, em 1993, que resultou na morte de oito meninos de rua no Rio, tentou suicídio no sábado. Ele foi medicado e passa bem.
O fato só foi descoberto porque o Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes solicitou ontem à Justiça que Santos ficasse sob sua custódia. A solicitação foi aceita.
Santos estava sob custódia da Casa da Testemunha, local onde testemunhas de crimes ficam abrigadas enquanto correm risco de vida. Para protegê-lo, o centro não revela seu paradeiro.
Segundo Ivone Bezerra de Mello, presidente do centro, o que levou Santos a querer se matar foi justamente a condição de vida na Casa da Testemunha.
"Fui vencido pelo sistema", Santos teria dito a Ivone. Ela explicou a declaração.
"Não faz sentido uma pessoa que não é réu nem nada, que é apenas testemunha de um crime, ter de viver como se estivesse em uma prisão só porque, mesmo depois de dois anos da chacina, a Justiça ainda não julgou o caso", disse Ivone.
Segundo ela, a Casa da Testemunha não passa de uma prisão, porque não há condições mínimas de higiene, a comida é ruim e os alojamentos mais parecem celas de uma cadeia.
"Além do mais, fica no centro da cidade e não oferece segurança alguma. Já tiramos dez crianças de lá", disse.
Santos reconheceu dois policiais que participaram da chacina e, por isso, segundo Ivone, teria sofrido dois atentados. Ela afirma que Santos não testemunhará mais.
"Ele já disse tudo que sabia e tudo que viu. Ele não tem mais nada a declarar. Ele não vai testemunhar mais, nem mesmo quando o caso for a julgamento", afirmou.
Não foi divulgado a forma como Santos tentou se matar.

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