São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 1995
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ABCD rejeita proposta da Ford

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Luiz Marinho, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, filiado à CUT, considera "horrível" a nova proposta de demissões feita pela Ford, chamada de "bolsão".
O diretor de relações trabalhistas da Ford, Carlos Marino, diz que a idéia será levada também à fábrica do ABCD.
Na segunda-feira, segundo o diretor da Ford, os funcionários da unidade do ABCD voltam das férias coletivas e terão de 20 a 30 dias para aderir ao plano de demissões voluntárias.
O objetivo da Ford é demitir 1.000 trabalhadores no ABCD. "Se não houver a adesão esperada, vamos propor o bolsão."
O "bolsão" funciona da seguinte forma: os trabalhadores desnecessários à produção ficam sem trabalhar durante um período determinado, recebendo parte dos salários.
Os metalúrgicos que não forem chamados de volta ao trabalho até o fim do período são demitidos com os direitos mais 0,415% do salário por ano de empresa, descontados 40% do recebido durante o "bolsão".
"É um método usado nos EUA", diz o diretor da Ford.
Para Luiz Marinho, no entanto, "se a Ford acha que há como reaproveitar os trabalhadores depois, deveria adotar a jornada de trabalho flexível, na qual não há redução salarial".
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (Força Sindical), Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, diz que a proposta da Ford é polêmica e que ele só vai assiná-la "caso haja consenso". A Ford quer implantar o "bolsão" para 600 trabalhadores da unidade do Ipiranga, em São Paulo.
Os advogados do sindicato acham que a proposta fere a Constituição, que prevê irredutibilidade salarial, diz Paulinho.

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