São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 1995
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'Waterworld' é épico futurista milionário

DANIELA ROCHA
EDITORA-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

Kevin Costner tentou fazer o filme do século, mas não conseguiu. Pelo menos os resultados em bilheteria e crítica levaram as expectativas por água abaixo na superprodução "Waterworld - O Segredo das Águas", dirigido por Kevin Reynolds, que estréia hoje em São Paulo.
Uma série de controvérsias cercou o filme ainda antes de seu lançamento nos Estados Unidos, em 28 de julho. O custo de produção, estimado em US$ 175 milhões a US$ 200 milhões -produção mais cara já realizada em Hollywood- fez com que os ânimos e a curiosidade geral esquentassem.
O roteiro intrigava os adeptos de efeitos especiais: seria um filme rodado em alto mar (leia texto abaixo). Para produtores, críticos e espectadores americanos, o orçamento tão alto dava a Costner mais do que uma oportunidade, justificava a obrigação de fazer um grande filme -uma lógica cruel.
Mas Costner, por outro lado, se envaidecia de sua superprodução. Afirmou em entrevista a David Letterman, irado com o que vinha lendo na imprensa, que fazia filmes para os espectadores e não para a crítica. Foi aplaudido.
O público que compareceu à estréia se dividiu. Quem esperava o grande filme, chegou a rir em cenas em que microfones apareciam e escorregões de roteiro e efeitos especiais ficavam evidentes.
Mas algumas pessoas se divertiram com mais um filme de ação, cheio de perseguições com jet skis e explosões -referências nítidas aos quadrinhos. Para esses, o futurista "Waterworld" equivale a uma moderna e mais ambiciosa versão da série "Mad Max".
Na contagem final das bilheterias, "Waterworld" ficou em quarto lugar em arrecadação na temporada do verão americano, perdendo para produções relevantes, como "Batman Eternamente" e "Apollo 13".
Perfil de herói
Com defeitos ou méritos, fato é que o roteiro de "Waterworld" se encaixou ao modelo procurado por Costner, que aspirava dar uma burilada em seu desgastado perfil de herói das telas.
Como ator, depois de ter sido o bom moço em "Dança com Lobos" e de se orgulhar em interpretar o guarda-costas da cantora Whitney Houston, ele estava à caça de um personagem central "sui generis".
Mas Mariner, o homem-anfíbio que interpreta em "Waterworld", foge superficialmente dos papéis que já fez. Ele é um super-herói mal-humorado que passou da terra para a água.
A ambição de Costner, entretanto, extrapolou os limites da tela. Foi ele que escolheu a história, atacou de produtor e impôs manter o altíssimo orçamento.
Apesar das intempéries sofridas durante a filmagem, Costner deixa transparecer no filme seu imenso controle da situação. Sua cartada foi fazer tudo o que quis da forma que quis. Ele assumiu os créditos de "Waterworld" e, portanto, seu sucesso ou fracasso.

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