São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 1995
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'Minha Família' mostra a América mexicana e emociona com clichês

BIA ABRAMO
DA REPORTAGEM LOCAL

'Minha Família' mostra a América mexicana e emociona com clichês
Filme: Minha Família
Direção: Gregory Nava
Produção: EUA, 1995
Elenco: Jimmy Smits, Edward James Olmos, Esai Morales
Onde: a partir de hoje nos cines Paulista 1, Olido 2 e Morumbi 3

"Minha Família" é um novelão, o que é uma vantagem nesse caso. O diretor Gregory Nava, felizmente, foge ao esquema "saga de família' que ilustra período histórico. Para a família mexicana Sanchez, a história e a sociologia só existem quando tangenciam sua vida pessoal.
Ainda bem. A tentação de usar uma história individual como veículo para digressões é tarefa para mais fôlego a que um filme médio de Hollywood pode aspirar. Em "Minha Família", assim como a ação praticamente se circunscreve às quatro paredes da casa dos Sanchez, o roteiro se detém nos dramas domésticos da família.
O problema é que dramas domésticos são dramas domésticos em qualquer parte do mundo e em qualquer família e aí, a única abordagem possível, passa a ser o apelo sentimental. Como em uma novela, os clichês põe o roteiro para funcionar. Por vezes, até conseguem emocionar, por outras, só repetir e aborrecer.
Claro que, volta e meia, os acontecimentos familiares sofrem as consequências da história. "Mina Família" acompanha quase 60 anos da vida de Jose e Maria, imigrantes mexicanos, e de seus seis filhos, nascidos nos EUA.
Jose (Jacob Vargas e Eduardo Lopez Rojas) sai do México nos anos 20 por causa da Revolução Zapatista (revolta de caráter popular liderada por Emiliano Zapata) e vai para o Los Angeles, na Califórnia, a pé. Conhece Maria (Jennifer Lopez e Jenny Gago), em uma das casas em que trabalha como jardineiro.
Durante a Depressão, Maria, grávida, é deportada para o México -os imigrantes, mexicanos e de outras origens, foram usados como bodes expiatórios do desemprego que assolou os EUA depois do craque da Bolsa de Nova York em 1929. Maria só consegue voltar para Los Angeles depois de dois anos.
Como na vida real, é em torno da história dos filhos mais problemáticos -Chucho (Esai Morales) e Jimmy (Jimmy Smits) que gira a tensão dramática do filme.
Os dois sofrem a condição de imigrantes, cada um de acordo com sua época. Chucho, adolescente nos anos 50, se envolve em briga de gangue e em pequenas contravenções, Jimmy, nos anos 80, cai na criminalidade pesada.
Os outros irmãos têm destinos mais bem-comportados e, ainda assim, típicos: o mais velho e narrador do filme, Paco (Edward James Olmos) quer ser escritor, mas trabalha como garçom, Toni (Constance Marie) se envolve com política, Memo (Enrique Castillo) ascende socialmente e tenta negar sua origem.
Apesar do tom geral prosaico e lacrimoso, "Minha Família" tem seus momentos de graça. E evita com alguma elegância o discurso politicamente correto sobre imigrantes de origem latino-americana nos EUA.

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