São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 1995
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Múltis investem em países sul-americanos

No Chile, concorrência faz tarifa internacional cair

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O fim dos monopólios estatais e a abertura para a competição privada estão mudando as telecomunicações na América do Sul.
As antigas estatais de telecomunicação dos países vizinhos do Brasil foram substituídas por consórcios formados por grupos locais poderosos, grandes multinacionais privadas -como AT&T, Motorola e BellSouth- e pelas estatais européias, como a Telefônica da Espanha e a France Telecom.
No final de 1994, elas travaram uma guerra tão feroz que o preço da ligação para a Europa caiu para US$ 0,17 o minuto. Os competidores não tiveram fôlego para manter os preços naquele patamar mas, ainda hoje, o Chile tem uma das menores tarifas do mundo.
Os funcionários da Ericsson lotados no escritório de Santiago pagam US$ 1 por minuto quando ligam para sua matriz, na Suécia. Já a matriz, quando faz uma chamada para Santiago, paga US$ 4.
Os serviços telefônicos chilenos foram privatizados em 1990, quando a CTC (Cia. Telefônica do Chile) e sua subsidiária CTCC (operadora de telefonia celular) foram adquiridas por um consórcio formado pela Telefônica da Espanha e por empresários locais.
Enquanto apenas um terço das centrais telefônicas brasileiras são digitais, no Chile o percentual chega a 100%.
Na Colômbia, o governo leiloou as concessões para telefonia celular em janeiro de 94 e arrecadou US$ 1,2 bilhão. O país foi dividido em três regiões e em cada uma delas existem duas competidoras: uma de capital estatal e privado (Banda A) e outra totalmente privada (Banda B).
O serviço celular foi inaugurado em junho de 94, com tecnologia digital (que tem capacidade três vezes maior por canal de voz do que os sistemas instalados no Brasil, ainda analógicos). Cinco companhias estrangeiras entraram no mercado: AT&T (Estados Unidos), Bell Canadá, Cable Wireless (Inglaterra), Millicon (Luxemburgo) e Telefônica da Espanha.
Os três maiores grupos da Colômbia compraram as concessões. Os grupos Santo Domingo (aviação Avianca, emissoras de rádios, TVs e cervejaria) e Ardila Lulle (produção de açúcar e de refrigerantes) compraram as concessões em Bogotá e Barranquilla, em parceria com AT&T e Millicon. O grupo Sarmiento Angulo (bancos e empreiteira) associou-se à Telefônica da Espanha e comprou a concessão para Cali e Medellín.
Já foram instalados 180 mil telefones celulares na Colômbia, dos quais 120 mil são digitais. Em janeiro de 96, será aberta a competição para as ligações interurbanas e de longa distância.
A concessão para telefonia fixa é dada pelos municípios e existem 26 empresas municipais que prestam o serviço local. As ligações de longa distância são monopólio da também estatal Telecom.
Na Venezuela, o consórcio Venworld (AT&T, GTE, Banco Mercantil e Telefônica da Espanha) comprou 40% das ações da telefônica Cantv. O Estado continua dono de 49% das ações e os funcionários, de 11%.
Existe competição na telefonia celular: a Movilnet (controlada pela Cantv) disputa os serviços com a Telcel, controlada pelo grupo Cysneros e pela BellSouth norte-americana. Cada uma pagou US$ 100 milhões pela concessão.

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