São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 1995
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Desanimado, Hill assume que precisa de 'milagre'

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DO ENVIADO AO ESTORIL

Damon Hill fez o que Michael Schumacher nunca faria: abrir a porta para o rival ultrapassar.
Na verdade, o piloto inglês já mostrou que sua habilidade como piloto é inferior à do alemão.
E assume que "apenas um milagre" o coloca de novo na disputa do título deste ano. Mesmo tendo um equipamento superior, algo que David Coulthard provou, ontem, ser verdade.
Mas esse discurso negativo de Hill já podia ser detectado antes da corrida. Em entrevista a um semanário alemão, na semana passada, o piloto da Williams afirmou: "Schumacher tem tudo para ganhar o título deste ano".
Ponderou, no entanto, que não iria arrefecer na disputa com o rival. Ontem, porém, mostrou o contrário. Que o sentimento de derrota já o contaminou.
Não se propaga, aqui, a idéia de que Hill deveria ser desleal, pouco antes do final da prova, quando tinha Schumacher refletido nos espelhos de seu Williams.
Mas, invertida a situação, o piloto da Benetton não teria pensado duas vezes em jogar o carro em cima do inglês.
Na Austrália, no ano passado, ele fez isso, vivendo uma situação bem mais complicada. Seu carro já estava destruído. Só teve condições de tirar Hill da corrida, o que foi suficiente para lhe dar seu primeiro Mundial.
Na Bélgica, este ano, também não teve dúvidas em cortar a trajetória do inglês, diversas vezes, para garantir uma vitória histórica para a sua carreira.
Hill, por sua vez, não foi capaz de ousar tanto. Quando tentou, errou escandalosamente, como na Inglaterra e na Itália.
Ontem, parece ter reconhecido que sua pilotagem não era suficiente para segurar o alemão e que outro choque poderia lhe causar uma suspensão -os dois estão sob sursis.
Fica também a dúvida do que estará passando, nesse momento, pela cabeça de Frank Williams, que vê o piloto que escolheu para permanecer no time desistindo de um Mundial.
E o outro, que preteriu, fazendo a pole e vencendo a primeira corrida de sua carreira.
Ao final da prova, David Coulthard sorria de satisfação. Foi firme ao dizer que já havia assinado com outra equipe, que deve ser mesmo a McLaren.
Depois do fiasco de Monza, ele se recuperou de forma espetacular no Estoril. E provou que Williams deveria ter pensado melhor na hora de dispensá-lo.
(JHM)

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