São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 1995
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PREPARE SEUS OUVIDOS: AÍ VÊM OS RAIMUNDOS

RONALDO SOARES
DA REPORTAGEM LOCAL

Chegou a hora de mais uma banda da nova geração do rock brasileiro enfrentar a famigerada "síndrome do segundo disco". Depois do Skank, que vendeu 150 mil cópias no disco de estréia e quatro vezes mais no seguinte, é a vez de os Raimundos tentarem firmar seu sucesso.
O teste já tem data marcada: é no mês que vem, quando sai o disco "Lavou, tá novo".
Há um ano, quando o LP "Raimundos" foi lançado pelo selo Banguela, o grupo era uma espécie de azarão, que foi correndo por fora e conseguiu emplacar até disco de ouro -vendeu quase 180 mil cópias.
Agora, a história é diferente. O disco vai sair pela multinacional Warner, que não mediu esforços para tentar manter o grupo em evidência: o álbum foi produzido pelo inglês Mark Deanrley (que já trabalhou com AC/DC, Black Sabbath e Deff Leppard) e mixado no estúdio Pacific, em Los Angeles (EUA).
No entanto, Rodolfo (vocal), Digão (guitarra), Fred (bateria) e Caniço (baixo) garantem que não estão assustados com a responsabilidade de fazer um disco tão bom quanto o primeiro.
"Não tivemos essa preocupação na hora de gravar. E acho que esse vai agradar ainda mais as pessoas", diz Rodolfo.
Segundo ele, a banda continua com "a mesma cara". Ou seja, eles vão insistir na sonoridade que os consagrou e virou marca registrada do quarteto: um híbrido de hardcore (o punk-rock acelerado) e forró, apelidado de forró-core.
A única diferença, diz Rodolfo, é que o novo disco é "mais pesado e mais musical".
Segundo o vocalista, o grupo gostou de trabalhar com Mark Deanrley, porque ele "entende das manhas e não fica querendo mexer no som da banda".
Os fãs poderão sentir o gostinho do novo trabalho antes mesmo de "Lavou, Tá Novo" chegar às lojas. De acordo com a Warner, nesta semana as rádios começarão a veicular a faixa "Eu Quero Ver o Oco".
A música ganhou também um clipe, que foi gravado durante a visita dos Raimundos a Los Angeles.
O disco conta com participações especiais de Gabriel (guitarrista e vocalista do grupo Little Quail & The Mad Birds), X (vocalista do grupo Câmbio Negro) e Zenilton, sanfoneiro tido como guru pelos Raimundos.
A exemplo do que aconteceu em "Raimundos", o grupo gravou versões de duas músicas de Zenilton no novo trabalho: "Minha Prima" e "Seu Vavá".
Rodolfo diz que pelo menos metade do disco foi feito "a toque de caixa". "Há uns dois meses, quando paramos de fazer shows para nos dedicar às gravações, tínhamos cinco ou seis músicas prontas. Aí a gente acordou e viu: 'Temos que fazer um disco'. Mas não foi difícil. As outras músicas foram saindo."
O grupo começará a turnê de lançamento do disco ainda em outubro, lembra Rodolfo, que diz estar "fissurado para voltar a tocar".
"O médico trabalha no hospital, o advogado, no escritório. O doidão do rock tem que viver é na estrada, véio."

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