São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Paulista faz sucesso no rock inglês

O grupo Drugstore, liderado pela cantora Isabel Monteiro

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

A paulista Isabel Monteiro, 30, foi para Londres estudar inglês. Acabou na parada de sucessos como cantora da banda Drugstore.
O primeiro álbum, "Drugstore", foi coberto de glórias pela crítica britânica. Depois de passear pela parada inglesa, está chegando ao Brasil neste mês.
Drugstore não é parecida com nada que está fazendo sucesso hoje na Inglaterra. Sugere Tom Waits e as bandas etéreas inglesas da década passada.
Isabel contou à Folha, por telefone, de sua casa em Londres, como foi sua aventura inglesa.
Folha - Você já foi para Londres pensando em cantar?
Isabel Monteiro - Cheguei pensando: "Como é que eu arrumo um emprego para pagar um apartamento". Os primeiros dois anos foram puxados, sem conhecer ninguém e vivendo de subempregos.
Só depois pensei em comprar um contrabaixo, colocar um anúncio no "Melody Maker" (jornal musical) e tentar uma banda.
Foram várias bandas, sem encontrar nada que despertasse uma paixão no meu coração, até o Drugstore, que eu fundei com um estudante americano de filosofia.
Em vez de gravar uma fita "demo" (de demonstração) como todas as bandas iniciantes, decidimos lançar um compacto de cara. Foram só 500 cópias, sem gravadora e distribuído pelos próprios integrantes da banda.
Mas, na semana seguinte, o compacto foi destacado como um dos 'singles' da semana no 'Melody Maker'. Abriram-se as portas.
Folha - Muitas bandas brasileiras sonham com histórias como a sua. Você as aconselha a se mudar para a Inglaterra?
Isabel - As pessoas, ao lerem a história do Drugstore, vão ficar com a impressão de que foi fácil e de que qualquer banda, que vier para cá, vai acontecer. Não é nada disso. O que aconteceu com a gente foi um acidente incrível.
A verdade é que a maioria das bandas, mesmo as inglesas, não têm a sorte que a gente teve.
Folha - Não é surpreendente conseguir bons elogios vindo na contramão do modismo do "britpop" (pop inglês), que está em fase de músicas alegres?
Isabel - Meu LP é íntimo, introspectivo, resultado de eu ter passado dois anos isolada aqui. Neste sentido, não gostaria de participar de um movimento que tem outras dez bandas iguais.
Mas quanto estou fritando meu ovo, de manhã, prefiro ouvir Blur, Elastica ou outra banda mais "up" (para cima) que Drugstore.
Folha - A vida de "pop star" afetou sua vida?
Isabel - Felizmente. Tenho sexo com mais facilidade. Viver numa banda é muito mais intenso do que eu teria imaginado.
Folha - Por ser uma brasileira, seu comportamento expansivo não assusta os ingleses?
Isabel - Tenho até prazer em assustar os ingleses. Nunca fui bem-comportada e bem-arrumadinha como eles.
Folha - O que você acha de bandas brasileiras que cantam em inglês, dentro do Brasil?
Isabel - Acho que as pessoas devem fazer o que quiserem e puderem. Se cantar em inglês as deixa feliz, por que não?
Folha - Drugstore está envolvido em causas?
Isabel - Vamos doar músicas para campanhas de caridade e contra a Aids. Depois de ter gasto em cocaína e no modo de vida do rock, isso ajuda a consciência.

Texto Anterior: Coluna Joyce Pascowitch
Próximo Texto: Fotografia recria o grafismo das flores
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.