São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995 |
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Maioria defende livre divulgação de pesquisas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA A maioria dos senadores ouvidos pela Folha defende liberdade total para a divulgação de pesquisas eleitorais nas eleições de 1996.Segundo o projeto aprovado pela Câmara e enviado nesta semana ao Senado -e que deve ser votado na próxima terça-feira-, os números das pesquisas podem ser divulgados, mas não análises e interpretações sobre os dados. Nos últimos dias, a Folha ouviu 48 senadores (60% dos 81 membros da Casa) sobre o assunto. Do total, 26 querem acabar com as restrições; 8 acham que as pesquisas devem ser vetadas a partir de uma data próxima à eleição (fora desse período, a análise também seria livre). Essa tese é compartilhada pelo relator do projeto, senador Ramez Tebet (PMDB-MS). Há 9 senadores favoráveis à proposta da Câmara, 4 indecisos e 1 não quis opinar. Confira a seguir a posição de cada um dos senadores ouvidos: LIBERDADE PLENA Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) - "Se proibir, acaba sendo burlado, o que é pior". Roberto Requião (PMDB-PR) - "As pesquisas tendem a dirigir o eleitor, mas a melhor maneira de desmoralizá-las é liberar totalmente. Assim elas perderiam a credibilidade". Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB) - "A análise é o mais importante, é a interpretação científica da pesquisa". José Eduardo Dutra (PT-SE) - "Como está pelo projeto da Câmara é pior do que se proibissem totalmente as pesquisas. Sou contra qualquer proibição". Mauro Miranda (PMDB-GO) - "Nosso pensamento é modificar. Mas isso não será aprovado a tempo. Vai valer a lei antiga". Humberto Lucena (PMDB- PB) - "As pesquisas têm de ser livres. Estamos em um regime democrático". Hugo Napoleão (PFL-PI) - "As pesquisas são uma bússola. Não vejo nem por que haver distância mínima do pleito". Edison Lobão (PFL-MA) - "Sou a favor da liberdade às pesquisas. Mas deve ser mantida a exigência de registro delas em cartório". Lúcio Alcântara (PSDB-CE) - "Reconheço que há problemas com as pesquisas, mas não vejo solução nas restrições. É difícil operacionalizar a proibição de interpretações. Mas acho que as empresas devem ser cadastradas, não só as pesquisas". Josaphat Marinho (PFL-BA) - "Não há razão para esta limitação. Ou é liberdade ou não é. Senão, é o mesmo que dizer que pode servir o sorvete, desde que quente". Gilberto Miranda (PMDB- AM) - "Sou a favor da divulgação das pesquisas". Osmar Dias (PSDB-PR) - "Esta idéia da Câmara pressupõe que o público é ignorante". José Roberto Arruda (sem partido-DF) - "Sou favorável a toda e qualquer pesquisa, acredito nelas até quando estou perdendo". José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado - "A Justiça já se pronunciou sobre a matéria. De acordo com a Constituição, não pode haver restrição à liberdade de informação". Júnia Marise (PDT-MG) - "Isso é uma bobagem. As análises científicas é que são importantes". Geraldo Melo (PSDB-RN) - "Por enquanto quero ser prudente, mas não sou favorável à idéia. A gente fica querendo cercar de tal maneira o processo eleitoral que parece que ele é algo de indecoroso". Guilherme Palmeira (PFL-AL) - "Por mim isso muda". Gerson Camata (PMDB-ES) - "Isso é uma besteira. Não adianta limitar. Aí a televisão fala que Erundina está no primeiro andar e Maluf no segundo, como já fez". Carlos Patrocínio (PFL-TO) - "Nem vale a pena se preocupar. Esta lei não será aprovada a tempo, e vai valer a lei antiga, que libera as pesquisas". Esperidião Amin (PPB-SC) - "Não traz benefício à eleição". Ney Suassuna (PMDB-PB) - "Os números já não vão indicar quem está ganhando? Então por que proibir a análise?" Romeu Tuma (sem partido-SP) - "Ela (a análise) é que impede que se induza o voto". José Fogaça (PMDB-RS) - "Isso fere a Constituição. Se for aprovado, a Folha conseguirá no Supremo Tribunal Federal liminar para publicar o que quiser, como já aconteceu antes". Romero Jucá (PFL-RR) - "Pesquisa sem análise é meia pesquisa. Eleição não pode ser caixa preta". Eduardo Suplicy (PT-SP), líder do partido - "É uma censura à imprensa". Bernardo Cabral (PPB-AM) - "É uma grande qualidade da imprensa do país poder divulgar este tipo de material (as pesquisas)". RESTRIÇÃO ÀS PESQUISAS Jáder Barbalho (PMDB-PA), líder do partido - "Acho que devem ser proibidas as pesquisas em determinado período, não só as análises". Epitácio Cafeteira (PPB-MA) - "Interpretação pode e deve haver. Sou a favor de um prazo, antes do pleito, em que as pesquisas sejam vetadas". Sérgio Machado (PSDB-CE), líder do partido - "Acho até que as pesquisas deveriam ser vetadas em determinado período. Mas, do jeito que está, não adianta nada". Antônio Carlos Valadares (PPB-SE) - "Tenho um projeto de lei para proibir totalmente pesquisas 90 dias antes da eleição. Vou tentar incluir isso no projeto de lei eleitoral". Jonas Pinheiro (PFL-MT) - "Sou favorável a qualquer pesquisa fora de um prazo de 30 dias antes da eleição". Ernandes Amorin (PDT-RO) - "Quero que dez dias antes da eleição não se fale mais em pesquisa. Fora isso ficam liberadas, incluindo as análises". Roberto Freire (PPS-PE) - "Isso é uma grande bobagem, até porque para publicar você tem de explicar. Defendo que dez dias antes do pleito não se divulgue pesquisa". Ramez Tebet (PMDB-MS), relator do projeto - "Pretendo abrir isso (a restrição à análise). Acho que deve haver um período, 10 a 15 dias antes da eleição, em que as pesquisas não sejam divulgadas". RESTRIÇÃO ÀS ANÁLISES Artur da Távola (PSDB-RJ) - "É difícil delimitar o meio de campo nesta matéria, mas acho a restrição correta. O ideal é que só se permitisse pesquisa não induzida". Pedro Simon (PMDB-RS) - "Não fico chateado em restringir. No Brasil pesquisa faz opinião em vez de refleti-la". Benedita da Silva (PT-RJ) - "As pessoas são altamente pressionadas pelas pesquisas". Élcio Álvares (PFL-ES), líder do governo - "Divulga-se o número. A análise cada um faz". Marina Silva (PT-AC) - "Há muitas análises subjetivas. Falam que não adianta nem votar em determinado candidato porque ele não ganha". Casildo Maldaner (PMDB-SC) - "Eu ficaria com o que foi proposto. Respeito a maioria dos comentaristas, mas às vezes há deturpações". Nabor Júnior (PMDB-AC) - "Está correto. Divulga-se o número e deixa-se que o eleitor tire suas conclusões. De outro modo pode-se influenciar a decisão". Gilvam Borges (PMDB-AP) - "Os comentários costumam ser exacerbados". Jefferson Peres (PSDB-AM) - "Fui prejudicado por elas na última eleição. As pesquisas ajudam a determinar o eleitorado, que gosta de votar em quem vai vencer". INDECISOS Bello Parga (PFL-MA) - "Ainda não me julgo com capacidade de opinar". Coutinho Jorge (PMDB-PA) - "Isso é meio confuso. Nós vamos reunir a bancada do partido para ter rumos". Fernando Bezerra (PMDB- RN) - "Não tive tempo de me ater ao projeto". Emília Fernandes (PTB-RS) - "Há uma equipe analisando isso. Ainda não tenho opinião". NÃO OPINOU Lucídio Portella (PPB-PI). Texto Anterior: Limites altos estimulam doações milionárias Próximo Texto: Bancada pró-reforma agrária é minoritária Índice |
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