São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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NY Chamber traz o barroco tradicional

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Concerto: New York Chamber Solists
Quando: amanhã e quinta, às 21h
Onde: A Hebraica (r. Hungria, 1.000, tel. 011/818-8888)
Ingressos: de R$ 12,50 a R$ 25,00
Programa: Bach ("Concertos de Brandemburgo" 4, 5 e 6; peças de Telemann, Albinoni e Vivaldi)

O New York Chamber Solists traz nessa sua segunda passagem por São Paulo -a primeira foi em 1975- uma visão ao mesmo tempo virtuosística e palatável do repertório barroco.
As seis peças no programa, na série Hebraica-Banco de Boston, estarão submetidas a uma leitura tradicional, sem os instrumentos de época (início do século 18) e sem a afinação diferenciada com que o mesmo repertório é hoje tratado por músicos como Trevor Pinnock ou Nikolaus Harnoncourt.
"O que importa é a capacidade de nos comunicar com o público", diz o oboísta Melvin Kaplan, fundador e líder do conjunto.
Eis os principais trechos de sua entrevista à Folha.

Folha - Por que o New York Chamber Solists não incluiu compositores contemporâneos de seu repertório em suas apresentações no Brasil?
Melvin Kaplan - Lidamos com muitos repertórios, do barroco à música contemporânea. Mas para essa excursão tínhamos o projeto de executar os seis brandemburgueses e não achamos conveniente misturá-los com partituras de outros períodos.
Folha - Mas serão só três os brandemburgueses executados.
Kaplan - Exato. Mas não tínhamos estrutura para trazermos vinte músicos. Como estamos viajando em onze, mantivemos três dos concertos de Bach e ainda a idéia original de permanecermos na primeira metade do século 18.
Folha - Qual a receptividade do público para com o repertório contemporâneo?
Kaplan - Nos Estados Unidos ela é muito pequena.
Folha - Será que não foi pelo atalho da escola minimalista que a música norte-americana tomou, em lugar de prosseguir em suas experiências atonais?
Kaplan - Acredito que as pessoas que apreciam a música clássica gostam de ouvir Bach, Beethoven, Mozart ou Haydn. Elas não estão ansiosas em ouvir Stravinski ou Bartok, ou mesmo alguém visto como bastante moderno, embora já tenha 80 anos, que é o norte-americano Elliot Carter.
Folha - O New York Chamber Solists executa hoje a música barroca da mesma maneira com que o fazia em 1957, quando o conjunto foi fundado?
Kaplan - A resposta é sim. Naquela época, já estavam concluídas todas as pesquisas históricas que foram necessárias para se redescobrir como a música era executada no período barroco. Nós executamos aquilo que acreditamos ser o estilisticamente correto.
Folha - A ênfase que o mercado fonográfico tem dado aos instrumentos originais não passaria, então, de um modismo?
Kaplan - Talvez sim, talvez não. Há como grande problema o fato de muitos dos que optaram por instrumentos originais não serem grandes músicos. Mas o fundamental é estabelecer comunicação com o público. Se for possível efetuá-la com gaita de sopro, seria estúpido fazê-lo com um instrumento do século 17.

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