São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Grupo quer 15 anos para pagar rombo

FERNANDO PAULINO NETO; LUIZ FRANCISCO
DA SUCURSAL DO RIO

O Banco Interatlântico, interessado em comprar o Banco Econômico, pretende que o passivo junto ao Banco Central seja pago em 15 anos, com juros de caderneta de poupança (6% ao ano, além da TR - Taxa Referencial de Juros).
Representando dois grupos europeus -o Crédit Agricole (França) e uma empresa portuguesa- na negociação, o Interatlântico avalia que, vendidos os ativos não-financeiros do grupo e feito o encontro de contas com o governo federal, restará uma dívida de US$ 1 bilhão.
Essa dívida será assumida pelos novos donos.
O Interatlântico, segundo a Folha apurou, considera que a proposta de saneamento do banco pode ser viável, mas espera conhecer mais detalhadamente o plano para poder se definir pela compra do Econômico.
Com esta configuração, a dívida poderia ser paga com os dividendos do próprio banco.
A proposta pode não ser a ideal para o BC, mas o Interatlântico trabalha com a hipótese de que a alternativa é a liquidação do Econômico. Neste caso, o BC arcaria com prejuízio total.
O passivo total do Econômico com o Banco Central é de R$ 3,5 bilhões. O BC já aprovou o plano que prevê a venda das empresas do grupo (ativos não-financeiros), como a Conepar (Companhia Nordeste de Participações).
A Conepar tem participação no pólo petroquímico de Camaçari, na Bahia, na Copene (Companhia Petroquímica do Nordeste) e Norquisa. O banco também tem 10% do capital votante da Açominas e 8% da Usiminas.
O Econômico tem créditos a receber do governo federal de US$ 1,6 bilhão e o Interatlântico avalia que o leilão internacional dos ativos não-financeiros do banco pode atingir US$ 900 milhões.
Apesar de a proposta ser aparentemente simples, é de implementação complexa, na opinião do Interatlântico. Por isso, o banco deve esperar o prazo final de 30 de novembro para dar sua resposta.
A intenção da diretoria é ter acesso à proposta detalhada de saneamento do Econômico em menos de uma semana para iniciar estudos aprofundados do negócio.
Assembléia
O presidente do sindicato dos Bancários da Bahia, Álvaro Gomes, 38, marcou para amanhã à noite uma assembléia da categoria para analisar a proposta de saneamento e venda do Banco Econômico apresentada pelo interventor Francisco Flávio Barbosa, 54, ao presidente do BC, Gustavo Loyola -que a aceitou.
A proposta do interventor prevê redução do número de agências (atualmente são 274) e demissão de pelo menos 1.500 dos 9.500 funcionários da instituição.
Álvaro Gomes disse que a categoria não aceita as demissões. Segundo Gomes, "os funcionários do Econômico não foram responsáveis pela crise financeira do banco".
Desde o último dia 11 de agosto, o Econômico está funcionando em regime de intervenção federal.
Segundo informações do Sindicato dos Bancários da Bahia, na próxima sexta-feira deverá acontecer uma manifestação em frente à agência central do Econômico, em Salvador.

Colaborou LUIZ FRANCISCO, da Agência Folha, em Salvador

Texto Anterior: União recusa registro de compra no Rio
Próximo Texto: Banco paga PIS menor
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.