São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 1995
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Construção civil faz protesto na praça da Sé

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

A chuva atrapalhou ontem o protesto dos trabalhadores da construção civil contra o desemprego e a recessão, na praça da Sé, São Paulo, das 15h às 16h40.
O ato contou com a presença de 2.000 pessoas, segundo a Polícia Militar, e de 8.000 pessoas, de acordo com a Federação dos Trabalhadores da Construção Civil no Estado de São Paulo.
O protesto teve o apoio de entidades empresariais -Secovi (corretoras), Sinduscon (construtoras) e Sinicesp (construção pesada)-, que pediram às empresas filiadas para liberar os trabalhadores. Os sindicatos de trabalhadores alugaram 250 ônibus por R$ 150 cada para transportar os manifestantes.
Os empresários não estiveram no palanque. Representantes da Força Sindical, CUT e das duas CGTs (Confederação e Central Geral dos Trabalhadores) estiveram presentes.
Durante a manifestação, os trabalhadores distribuíram manifesto, assinado também pelas entidades empresariais, que pede, entre outras reivindicações, "o fim da intervenção do governo federal nos contratos da construção civil".
"Acho que para quem já está pagando é justo manter os contratos congelados. Mas essa regra acaba impedindo os lançamentos, pois ninguém quer financiar. Só quem tem dinheiro em caixa é que pode comprar", disse Douglas Martins, da federação dos trabalhadores na construção civil.
O presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presente à manifestação, sugeriu a adoção de câmara setorial no setor. "Ela poderia definir metas de construção de casas populares."
Para Vicentinho, o ato na Sé "é uma prova de que a recessão não atinge só um setor, como o governo quer provar com dados acadêmicos, distantes da realidade."
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e diretor da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, disse que a central estará em todas as "manifestações contra o desemprego".
Paulinho afirmou que, no entanto, "não vai entrar em nenhum lobby pela volta da inflação".
Segundo ele, não é justo que os salários fiquem congelados por um ano se os contratos da construção passarem a ter reajuste mensal, como pedem alguns empresários.
"Precisamos pensar formas de aumentar o investimento. Mas o reajuste mensal seria privilégio."
Douglas Martins chegou a falar em uma paralisação geral no país contra a política econômica.

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