São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 1995
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Mãe diz querer saber quem matou seu filho

DA ENVIADA ESPECIAL A GOIÂNIA

Maria Gomes dos Santos, 71, mãe de Divino Ferreira de Souza, desaparecido durante a guerrilha do Araguaia, acompanhou, durante os cinco dias, a abertura das nove caixas do extinto Dops (Departamento de Ordem Política e Social) pela comissão da Universidade de Goiás.
Não encontrou informação alguma sobre o seu filho, militante do PC do B e desaparecido em outubro de 73. Em entrevista à Folha, ela diz que quer saber como seu filho morreu e quem o matou. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Folha - O que a senhora diz sobre esse trabalho?
Maria Gomes dos Santos - Eu estou decepcionada com a falta de informação. Era uma coisa que, de alguma forma, eu já esperava, mas, mesmo assim, a gente sente uma decepção bem profunda.
Os documentos sobre o meu filho, ou estão com a Polícia Federal, ou estão na 3ª Brigada, aqui em Goiânia, ou queimaram, ou estão em Brasília com os militares.
Folha - O que a senhora pretende fazer?
Maria Santos - Agora, eu vou esperar uma decisão do grupo de familiares dos desaparecidos. Se o grupo me chamar para participar, eu vou, mas, se não me chamar, eu vou ficar quietinha.
Folha - Por quê?
Maria Santos - Eu já estou cansada. Com essa decepção que tivemos aqui, eu fiquei com medo de ter outra mais na frente.
Os militares disseram que os familiares deveriam aceitar a proposta do governo de receber a indenização e pôr uma pedra em cima da questão.
Mas essa indenização não vale nada, não tem dinheiro que pague a vida de um filho.
Eu quero saber como ele desapareceu, quem o matou. Se o enterraram, se jogaram seu corpo ao mar, se ele ficou sobre a terra. Quero saber o que fizeram com ele.

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