São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 1995
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Real facilitará 'lavagem de dinheiro', diz Jobim

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Nelson Jobim, disse que a estabilização da moeda vai tornar o Brasil um lugar "propício para a lavagem de dinheiro", pela segurança que a falta de inflação dá a pessoas que mexem com grandes somas.
Isso já ocorre nos Estados Unidos e na Europa, disse ele aos deputados que integram a Comissão de Política de Combate às Drogas, interessados na possibilidade de usar a quebra do sigilo bancário na localização de narcotraficantes.
Segundo ele, a quebra do sigilo é um dos mecanismos que devem ser estudados para evitar que a rede bancária do país seja usada por narcotraficantes.
Ele falou também sobre a política nacional de combate ao narcotráfico. Jobim disse que o governo deve diferenciar o tratamento dispensado aos consumidores e aos traficantes.
Para o ministro da Justiça, o narcotráfico deve ser encarado como um problema de polícia, enquanto o usuário de drogas deve receber tratamento médico.
Reforma tributária
Jobim disse ontem que o governo começará nesta semana a analisar as perdas que os Estados terão com a reforma tributária para definir os mecanismos de compensação. Os governadores condicionam o apoio à manutenção do fundo aos mecanismos de compensação.
Nelson Jobim disse que fará esse levantamento juntamente com os ministérios da Fazenda e do Planejamento.
Segundo ele, a análise do governo depende da apresentação pelos Estados dos números sobre as perdas estimadas com a redução da carga tributária. Dez dias após a apresentação, o governo poderia concluir esse estudo.
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou apostar na aprovação das reformas constitucionais pelo Congresso e atribuiu essa expectativa à "ação do ministro da Justiça".
Jobim foi responsável pela articulação com os governadores antes da reunião de anteontem.

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