São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 1995
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Quantidade ou qualidade?

HORÁCIO LAFER PIVA

Se existe algo novo e que cada vez mais faz parte de nosso dia-a-dia, isto se chama informação. Em um mundo que se desloca mais e mais por meio das idéias, o impacto que a tecnologia nos impõe transforma em conceitos assuntos antes aparentemente subjetivos. Esse processo que coloca à nossa disposição uma enorme massa de informações acaba gerando nova necessidade.
Devemos aceitar que a informação que importa é bastante diferente da crescente avalanche de dados a que somos atualmente submetidos. A falta de percepção e síntese é um problema que impede de ver o que há de mais importante por trás de todo esse material, ou seja, a compreensão do mesmo.
Como não temos capacidade ilimitada de atentar a tudo o que nos rodeia, normalmente somos sujeitos a uma visão distorcida e bastante passível de erros.
Somos testemunhas privilegiadas da transição entre uma era de visão mecanicista, baseada nos limites do espaço e do tempo, para uma época em que a infinidade da informação se contrapõe aos limites dos recursos naturais.
A transição desta fase industrial para a pós-industrial oferece-nos, cada vez mais, economias de escala, sem barreiras de movimentação, explorando uma nova dimensão gerada por um novo elemento, o bit.
Assim, se naturalmente buscarmos estruturas flexíveis que evoluam ao longo do tempo, ficará cada vez mais lógico o uso de operações baseadas na comunicação e disponibilização de meios digitais.
A informação pode ser cada vez mais traduzida como poder, uma espécie de moeda internacional que levanta e derruba fortunas diariamente, numa disputa em que contam a velocidade e a acessibilidade a novas fontes, não necessariamente exclusivas, mas, certamente, com o diferencial da melhor interpretação.
Cada vez mais vamos receber informações sob a forma de bits, compô-las como quisermos e armazená-las sem limite em um CD que, em dois anos, terá sua extraordinária capacidade aumentada ainda em dez vezes.
Como se processará, então, a aplicação de tudo isso e quanto será necessário de imaginação para quem trabalha com essas novas tecnologias são as perguntas sobre as quais hoje se debruçam os "megatrends-makers.
Como a informação tende a ser cada vez mais personalizada, haverá uma mudança de vetor na qual, em vez de estarmos recebendo dados "empurrados", passaremos, como fornecedores, à possibilidade de captar informações. Trata-se de uma mudança expressiva na forma como cada um desejará enxergar o mundo.
Por isso, cada vez mais a informação sobre a informação ocupa um lugar de destaque e aponta para uma das mais expressivas tendências do futuro. O resultado desse processo, que se multiplica em cada etapa de captura de novas informações relevantes, selecionadas e criativas, criará informação nova, provocando grande impacto na qualidade do nosso trabalho.
Nicholas Negroponte, chefe do MediaLab do MIT, escreveu recentemente que o que nos falta é uma linguagem de soluções, que coloque o conhecimento de desempenho acima do conceito de produto. Uma abordagem que será vital para quem souber explorá-la em sua totalidade.
Boa parte do que hoje nos impressiona é somente plataforma. Contudo, o conteúdo da informação recuperada de maneira amigável e facilmente inteligível, e que realmente nos interessa, será hegemônico em relação ao resto.
Atenção, portanto, à velocidade das mudanças. Tudo é uma questão de posicionamento e compreensão das transformações que, esperamos, traduzam-se numa vida com mais qualidade, prosperidade e, certamente, inteligente diversão.

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