São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 1995 |
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Internet e café combinam bem
MARINA MORAES
O ambiente é amplo e agradável, com um balcão, mesas no centro mais próprias ao bate-papo e bancadas em torno dos janelões de vidro, para onde o usuário pode levar o seu capuccino enquanto brinca com o computador. São, ao todo, oito máquinas multimídia. A idéia por trás desse espaço surgiu da combinação de duas modas relativamente recentes no país. Não por acaso, ambas devem muito a Seattle, na Costa Oeste americana, sede da poderosa Microsoft. Quando quer enfatizar a ignorância do americano médio, um europeu nunca esquece de falar da qualidade do café que eles tomam. Ralo, fervendo, pouco açúcar, num daqueles copos de papel ou isopor. Que saudade da xícara com o cafezinho forte e doce do bar de qualquer esquina brasileira. O mesmo vale para a Internet. Muito embora a maioria nunca tenha frequentado, dizer que você detesta computador em uma festa é pior do que mau hálito. Ter um endereço na rede em um cartão pessoal hoje impressiona tanto quanto o primeiro mauricinho que passeou de celular pelos Jardins. Foi com esses preconceitos na cabeça que fui ao bar e pedi um café. Logo a impressão se desfez. A maioria dos visitantes era de curiosos, gente que tinha vindo experimentar a Internet com a ansiedade da primeira vez. Michael Youmans, um dos donos, explicou que há duas turmas distintas no bar. Os fanáticos trazem seu próprio software, para tirar proveito da rapidez dos computadores -24 Mbytes de memória. É a turma do fliperama, fanática pelos videogames. Essa gente gasta cinco dólares por meia hora de uso, além de pagar pelos cafés. Observo um casal que faz hora à espera de uma vaga. Esse é da turma dos constrangidos, com vergonha de demonstrar aos vizinhos a falta de intimidade com a máquina. Pensando neles, o Michael deu uma de esperto. Escalou instrutores que cobram US$ 35 por uma hora de aula. Texto Anterior: Micro de supermercado é mais barato Próximo Texto: A questão da privacidade Índice |
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