São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 1995
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Juiz censura imagem de TV no caso O.J.

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O juiz do caso O. J. Simpson, Lance Ito, suspendeu ontem durante uma hora as transmissões ao vivo pela televisão do chamado "julgamento do século" nos Estados Unidos.
A promotora Marcia Clark descrevia ferimentos nas mãos de Simpson quando uma câmera começou a focalizar o réu, que escrevia notas.
O juiz foi informado de que a imagem mostrava as mãos do réu tão de perto que seria possível ler o conteúdo de suas notas.
O juiz decidiu que a transmissão por TV estava ferindo o direito da relação especial entre advogado e cliente e ordenou o fim da transmissão.
Um advogado representando as emissoras de TV entrou com recurso imediato e Ito voltou atrás. Mas exigiu que dali em diante só fossem feitas imagens de pessoas do ombro para cima e multou as emissoras de TV.
Duas redes de TV pagas (CNN e Court TV) transmitem o julgamento na íntegra e ao vivo para audiência estimada em 20 milhões de pessoas.
Ontem foi o primeiro dia dos argumentos finais do julgamento. O juiz decidiu, com concordância unânime dos membros do júri, que os trabalhos nesta fase durarão 11 horas diárias.
Ito estima que os argumentos estarão concluídos até sexta-feira e, a partir daí, caberá ao júri decidir.
A promotora iniciou seus argumentos com um apelo aos jurados para não deixarem sua decisão ser influenciada pelo fato de que uma testemunha-chave da acusação, o detetive Mark Fuhrman, ter mentido em seu depoimento.
Fuhrman, o homem que achou a única prova material do crime, uma luva usada pelo assassino, no quintal da casa de Simpson, afirmou que há dez anos não usava o termo pejorativo "nigger" para ser referir a negros.
A defesa provou com fitas de áudio que Fuhrman se valeu dessa referência, considerada muito ofensiva pela comunidade negra nos EUA, dezenas de vezes há apenas três anos.
A tese da defesa é que Simpson, negro, é vítima de um complô de policiais racistas. O réu é acusado de ter matado a ex-mulher, Nicole Brown, e um amigo dela, Ronald Goldman, ambos brancos, em 12 de junho de 1994.
A promotoria afirma que Simpson, ator e ex-jogador de futebol americano, matou a ex-mulher por não se conformar com a separação decidida por ela depois de anos de agressões dele.
O júri é formado por dez mulheres e dois homens. Nove jurados são negros, dois são brancos e um é hispânico.

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