São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 1995
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Justiça administra conflitos agrários

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério da Justiça terá a partir de agora um papel muito mais importante na questão agrária do que o Ministério da Agricultura. O ministro da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira, terá suas funções esvaziadas.
A primeira ação do Ministério da Justiça na questão agrária ocorreu com a demissão de Brazílio de Araújo Neto da presidência do Incra. O ministro da Justiça, Nelson Jobim, e seu chefe de gabinete, José Gregori, tiveram papel importante nessa decisão.
Os dois convenceram o presidente Fernando Henrique a substituir Brazílio por Francisco Graziano. Mas as funções de Jobim e Gregori não vão parar por aí.
Caberá aos dois e a Graziano todas as decisões para resolver os conflitos agrários existentes no país. Os três vão passar a se reunir regularmente. Todas as medidas para agilizar a reforma agrária também passarão por eles.
Isso quer dizer que a execução da política agrária vai continuar sob responsabilidade do Incra. Mas a mão política dessas decisões, principalmente em relação aos conflitos no campo, será do Ministério da Justiça. O papel de Gregori será ainda mais importante do que o de Jobim.
Gregori vai realizar reuniões com todos os setores envolvidos nos conflitos. Líderes rurais e partidos de oposição serão convocados. Preocupado com a imagem de sua política de direitos humanos, FHC quer evitar de qualquer forma atos de violência no campo.
A Polícia Federal foi orientada pelo Ministério da Justiça para ficar mais atenta à formação de milícias para combater os sem-terra. As milícias são supostamente organizadas por proprietários rurais.
As notícias sobre essas milícias contrariaram o governo e contribuíram para o afastamento de Brazílio. Indicado pelo ministro Andrade Vieira, Brazílio era acusado de favorecer proprietários rurais e ser contra a reforma agrária.
A Folha apurou que o desgaste de Andrade Vieira junto a FHC chegou a seu ponto máximo. Mas o presidente não vai pedir para ele renunciar. Gostaria muito que o ministro percebesse as dificuldades que está criando para o governo e pedisse demissão.

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