São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 1995
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FHC liga a parlamentares para mudar texto de relator

GABRIELA WOLTHERS; MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu interferir pessoalmente para derrubar na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara o parecer do relator Prisco Viana (PPB-BA), que desfigura a reforma administrativa defendida pelo governo.
"O presidente vai telefonar para cada um dos parlamentares da base governista que estão resistindo a apoiar a reforma", disse à Folha a vice-presidente da CCJ, deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP).
A parlamentar foi encarregada pelo governo de fazer um levantamento dos deputados que pretendem apoiar o parecer de Prisco.
Segundo Zulaiê, 12 dos 37 deputados da base governista (PSDB, PFL, PMDB e PPB) tendem a concordar com pelo menos parte do relatório de Prisco -principalmente com relação ao fim da estabilidade dos servidores.
A comissão tem 51 deputados titulares. Para derrotar o parecer, o governo precisa de metade mais um dos presentes à sessão. Ontem, os líderes decidiram adiar a votação de terça para quarta-feira.
O objetivo é ter mais tempo para convencer os parlamentares. Um dos argumentos é que o Congresso poderá ficar com a fama de "protetor de marajás".
O relator considerou inconstitucional o dispositivo que estipula o salário do presidente como teto para vencimentos de servidores.
Além da interferência direta de FHC, os líderes agendaram para terça-feira reuniões com os membros titulares da CCJ.
O principal problema se refere ao dispositivo que permite a demissão de servidores por excesso de quadro.
"Há uma resistência muito grande a esse tema, pois o ano que vem é ano eleitoral. E o funcionalismo é eleitor", disse o deputado Ney Lopes (PFL-RN), integrante da CCJ.

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