São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Reajuste visa privatização, diz governo

LILIANA LAVORATTI; VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A política de reajuste das tarifas públicas adotada pelo governo leva em conta a necessidade de investimentos nas empresas estatais e a inclusão delas no programa de privatização.
O objetivo é tornar as estatais mais atraentes. Também são considerados para efeito dos reajustes os seguintes itens: custos de produção e subsídios concedidos pelo governo.
A informação foi dada ontem à Folha pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros.
Sucateamento
Segundo ele, o governo não pretende sucatear as empresas antes de sua privatização.
Por isso, a necessidade de conceder reajustes que possibilitem investimentos para melhorar a produção e modernizar as empresas.
A geração de recursos para investir nas estatais faz parte da estratégia do governo federal de aumentar a competitividade destas empresas antes de colocá-las à venda nos leilões de privatização.
Em alguns casos, os recursos oriundos do aumento das tarifas -que estão congeladas desde julho de 1994- serão aplicados até mesmo para a manutenção de um nível razoável de qualidade dos serviços prestados.
Prazos
O secretário disse que não há como acelerar o programa de privatização.
Há críticas, dentro do próprio governo, de que o programa tocado pelo Ministério do Planejamento está em ritmo lento.
Cabe ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) gerir o Programa Nacional de Desestatização e encaminhar os leilões de estatais.
Desde 1990 o governo federal realiza o programa para sanear o Estado a partir da venda de empresas estatais.
Hoje será privatizada na Bolsa do Rio uma parte da Companhia Petroquímica de Camaçari, que pertence a uma empresa ligada à Petrobrás, a Petroquisa (leia texto abaixo).
Segundo Mendonça de Barros, o tempo médio da privatização de uma empresa no Brasil está compatível com os padrões internacionais.
Ao contrário de reajustes anteriores, o governo não pretende agora corrigir as tarifas pela inflação passada.
"Os preços públicos não estão congelados, mas também não têm correção automática", afirmou o secretário.
O governo acabou com a correção automática de salários em junho, em medida provisória que deve ser reeditada hoje (leia texto à pág. 1-7).
Os preços dos combustíveis foram reajustados em média em 13% na última quarta-feira.
As próximas tarifas que terão aumento serão as postais (carta e telegrama). Também estão em estudo os novos preços das contas de luz e de telefone.
O preço do telefonema internacional deverá cair. O aumento principal deverá ser na assinatura básica residencial, que hoje conta com o maior subsídio.
No caso das contas de luz, os aumentos serão diferenciados por empresa e vão variar entre 10% e 35%, conforme a Folha apurou.

Texto Anterior: Equipe visitou 800 lugares do Brasil
Próximo Texto: Ministro defende autonomia sobre venda da Vale
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.