São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 1995
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BC ameaça com juro caso vendas reajam no Natal

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, descartou uma queda brusca nas taxas de juros em jantar anteontem com a bancada do PSDB no Senado.
As altas taxas de juros foram criticadas pelos senadores do partido do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Segundo o relato feito pelos senadores, o BC está decidido a manter o atual ritmo da redução dos juros.
A trajetória só seria interrompida diante de um acidente de percurso, como um aquecimento do consumo no Natal.
Loyola espera que não haja "euforia" de consumo, mas insinuou que os juros subiriam novamente se as vendas aumentarem muito, disse Jefferson Peres (PSDB-AM). A taxa de juros definida pelo BC para outubro está 3,13% ao mês.
Apesar das críticas dos aliados governistas, o BC está decidido a não mexer na política monetária.
O principal argumento do BC é que a estabilização ainda não está concluída e qualquer deslize poderia pôr em risco o combate à inflação.
A avaliação do Banco Central é que qualquer concessão feita em véspera de ano eleitoral criaria um precedente perigoso para a condução da política econômica, que enfrenta críticas até dentro do ministério de FHC.
A política de juros é a maior queixa que os aliados do Planalto enfrentam em suas bases eleitorais e um dos motivos do enfraquecimento do apoio parlamentar de FHC, avaliam líderes governistas.
Loyola rebateu, no jantar, o diagnóstico de que a economia está em recessão.
O diretor do BC Gustavo Franco, presente ao jantar, descartou mudança imediata na política cambial, após ouvir queixas de que o valor do dólar está defasado.
Franco insistiu que a atual cotação do dólar ainda é estimulante para os exportadores.

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