São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 1995
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É preciso ver o basquete além do muro

OSCAR SCHMIDT
ESPECIAL PARA A FOLHA

Sinto-me superorgulhoso de estar participando de algo inédito no basquete brasileiro. Agradeço ao professor Renato Brito Cunha essa oportunidade.
Pela primeira vez, um jogador ainda em atividade profissional é convidado para ajudar e opinar em uma Confederação Brasileira. Isso é algo raro no mundo.
Espero conseguir transmitir o que o jogador tem na cabeça. Geralmente, nós atletas não somos ouvidos, mas enfrentamos muitos problemas e podemos ter soluções por vivê-los na pele.
O basquete brasileiro vai disputar a Olimpíada de Atlanta, em 96, nos torneios masculino e feminino.
Mas o esporte não tem tantos seguidores no país como eu acho que poderia ter.
Quando decidi voltar ao Brasil, o meu objetivo maior foi ajudar a promover o basquete no país inteiro.
Fazer com que novos ídolos surjam, porque é imprescindível que o esporte tenha ídolos.
Tivemos um período em que o basquete, no Brasil, ficou um pouco empoeirado, congelado.
Foi muito triste ver uma Liga Nacional no ano passado com apenas um jogo televisionado. E em videoteipe! Tudo isso deixa a gente muito triste.
Como mudar esta situação? Tornando a Liga Nacional conhecida.
Para isso, espero contribuir e ajudar a popularizar o esporte no país.
Que todos aqueles que gostem de basquete me dêem uma força.
Nós fomos campeões pan-americanos em 87 e também ganhamos a medalha de ouro no Campeonato Mundial feminino, no ano passado.
Mas o significado de se ganhar uma medalha de ouro é relativo.
O mais importante é o trabalho que se faz no país, em termos de um campeonato nacional forte para atrair o público.
Nossa vitória no Pan-Americano de Indianápolis, contra os EUA, foi festejada no mundo inteiro. Mas isso não deu nenhum retorno.
Nós temos que pôr em prática um plano de marketing para o basquete brasileiro. Mas temos que pensar com modéstia.
Não dá para imaginar que o basquete no Brasil vai ter o mesmo sucesso que a NBA nos EUA. Isso é impossível, uma idéia utópica.
Porém, temos condições de fazer com que o basquete brasileiro volte a ter fãs como no passado.
Para isso, é preciso que o anunciante se interesse pelo esporte, porque só ele pode sustentar o basquete. Mas é preciso que os dirigentes provem que o basquete oferece retorno.
Também é preciso envolver a televisão com o basquete brasileiro, para que sua divulgação cresça a cada dia. Não se cria ídolos da noite para o dia. É preciso ver o basquete além do muro.
Que a minha volta ao Brasil seja aproveitada para ajudar a promover a modalidade em todo o país, pois meu sonho é ver um time de basquete em todos os Estados do Brasil.

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