São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 1995
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Cultura pública enfrenta a era do despejo

ELVIS CESAR BONASSA; DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 03/10/95
A foto da fachada do prédio da Secretaria de Estado da Cultura, publicada à pág. 5-1 ( Ilustrada) da edição de 29/9, é de autoria de Daniel Garcia.
DANIELA ROCHA
A estrutura pública de cultura entrou na fase do despejo. Museus perdem seus locais de exposição, oficinas culturais são fechadas, a própria sede da Secretaria de Estado da Cultura terá de procurar um novo prédio.
A razão de tudo isso é a falta de pagamento de aluguéis, que gera ações judiciais, e o descaso mesmo dos governos estadual e municipal com o setor de cultura.
O prédio que abriga a Secretaria de Estado da Cultura, na av. da Consolação, será devolvido ao proprietários. É o melhor símbolo da situação atual.
Os sucessivos atrasos de aluguel, desde a administração passada, e o valor considerado excessivo obrigarão a secretaria a se mudar para um novo prédio -não se sabe ainda qual.
Na mesma situação está o Condephaat, órgão responsável pelo patrimônio histórico do Estado -despejado por falta de pagamento (leia texto à pág. 3).
Tanto quanto a falta de recursos e prioridades, a cultura enfrenta seu homônimo: a cultura do desperdício. Embora sofra com a falta de espaços físicos, a secretaria estadual se dá ao luxo de manter um prédio de 14 andares abandonado no centro da cidade, onde convivem lixo, alguns móveis velhos e um acervo de 25 mil livros.
Localizado na pequena rua do Ouvidor, próximo à praça da Bandeira, o prédio ainda tem a placa da secretaria. Em frente à porta de entrada, camelôs vendem alho e aparelhos eletrônicos.
Os livros estão trancados no nono andar. É uma biblioteca completa, com publicações de níveis secundário e universitário.
Contém edições recentes, livros em língua estrangeira e algumas raridades -como a edição de luxo de "Em Busca do Tempo Perdido", do francês Marcel Proust, publicada em 1957 no Brasil.
Os espaços culturais que permanecem abertos também sofrem com o abandono. O tradicional MIS (Museu da Imagem e do Som) tem seu acervo atacado por cupins e filmes deteriorados.
A Pinacoteca do Estado, que abrigou a mostra do escultor francês Auguste Rodin e deve expor telas de Joan Miró, acumula entulho junto a suas paredes externas.
Na área da Prefeitura, o Museu do Folclore está sendo mandado embora de sua atual sede, no parque do Ibirapuera. Ali, disputa espaço com o Museu da Aeronáutica, que quer despejá-lo.

LEIA MAIS
sobre os despejos à pág. 5-3

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