São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 1995
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Hamas protesta, mas admite vitória da OLP

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Grupos radicais islâmicos e judaicos protestaram ontem contra a assinatura do acordo de paz em Washington. A reação mais inflamada veio do Hamas (Movimento de Resistência Islâmico), o principal grupo opositor à OLP.
"Arafat é um traidor, que caiu na armadilha que armaram os sionistas em Oslo. Ele não tem o valor de reconhecer o seu erro", diz comunicado emitido pelo grupo.
A referência a Oslo se deve ao local onde foram feitas as negociações para o acordo de 1993.
Um pouco mais moderado, o representante do Hamas no Líbano, Mustafa al Liddaui, reconheceu o triunfo da OLP sobre o seu grupo: "Na soma final, Arafat triunfou sobre a oposição. O processo de paz representa um desejo internacional, que não deve cair nos próximos anos. É muito maior do que nós. Não temos por que ficar desesperados".
Ele disse, entretanto, que as operações militares do Hamas são "capazes de obstruir o processo".
Na Síria, uma "frente de rejeição" ao acordo emitiu um documento conjunto, em que dez organizações se comprometem a adotar medidas conjuntas para minar o processo de paz.
O próprio Hamas, a Jihad (Guerra Santa) Islâmica, a Frente Popular para a Libertação da Palestina e a Frente Democrática para a Libertação da Palestina estão entre os grupos signatários.
Houve greve geral ontem na cidade portuária de Sidon, no Líbano, sob forte influência do Hamas e da Jihad. A greve se estendeu a acampamentos de refugiados palestinos nos arredores de Beirute, capital libanesa. Há cerca de 300 mil palestinos no Líbano.
Segundo pesquisa do Centro Palestino de Investigações, 17% da população palestina apóiam o Hamas, enquanto a OLP tem 54% de apoio. A pesquisa mostra que o apoio ao Hamas tem crescido.
No lado oposto, um grupo de judeus radicais se reuniu em Hebron para protestar contra o acordo. A cidade concentrou os protestos de israelenses contra o premiê Yitzhak Rabin (leia texto abaixo).
Em Jerusalém, grupos radicais judaicos fizeram uma "cerimônia alternativa", em que políticos israelenses prometeram nunca deixar a Cisjordânia.
"É um acordo lamentável. Acho que vai contra todos os profetas da Bíblia", disse o deputado direitista israelense Hanan Porat.

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