São Paulo, sábado, 30 de setembro de 1995
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Governo antecipa garantias da dívida

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo brasileiro pagará antecipadamente, no dia 16 de outubro, as garantias oferecidas aos credores externos no acordo fechado em 94. Com isso, terá o direito de comprar os títulos de sua própria dívida, com deságio, a partir do dia seguinte.
A data da entrega das garantias, que somam US$ 580 milhões, coincidirá com o pagamento semestral da dívida junto aos credores privados externos. Esse pagamento, ainda em cálculo pelo Banco Central, ultrapassará o US$ 1,2 bilhão de abril último, devido à alta dos juros internacionais.
Ou seja, algo próximo a US$ 2 bilhões, segundo estimativas preliminares, será desembolsado das reservas em dólar do país em outubro para saldar os compromissos internacionais. As reservas somam hoje cerca de US$ 48 bilhões.
Após a quitação das garantias, que, pelo cronograma original do acordo da dívida, só aconteceria em abril de 95, o governo dará início a um programa gradual de compra de parte dos títulos de seu débito externo.
A dívida junto aos credores privados soma US$ 28,55 bilhões e está na forma de papéis em poder de bancos internacionais. Esses títulos são negociados no exterior com deságios que variam de 30% a 55%, dependendo do papel.
Aproveitando o atual patamar das reservas em dólar, que o próprio governo considera excessivo, o BC poderá abater a dívida externa comprando os títulos com deságio. Isso, calcula-se, diminuirá os encargos do débito externo que só vencerá em 2024.
Além de abater parte da dívida externa, o governo prepara-se para fazer novas vendas de papéis no exterior, com objetivo de obter dinheiro a juros mais baixos e abater parte da dívida interna

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