São Paulo, sábado, 30 de setembro de 1995
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Protestos reúnem poucos em São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA AGÊNCIA FOLHA

Segundo a Polícia Militar, participaram da manifestação apenas 3.000 pessoas; Lula ataca alta nos juros reais
A CUT organizou paralisações parciais e manifestações em todo o país ontem, como parte do dia nacional de luta por mais emprego, salário, contra a recessão e os juros altos -"Brasil, Cai na Real".
Em São Paulo, a manifestação contou com a presença de 3.000 pessoas, segundo a Polícia Militar, e de 10 mil, segundo a CUT.
Foi realizada concentração, a partir das 16h, na Praça da República, e depois passeata até o teatro Municipal, centro de São Paulo.
Estiveram presentes empresários do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), da Abifa (Associação Brasileira da Indústria de Fundição), da Confederação Nacional dos Diretores Lojistas (CNDL) e da Civis (Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania).
Dirigentes das duas CGTs (Confederação e Central) também participaram do protesto, além de parlamentares do PT.
Oded Grajew, da Civis, e Salomão Gawendo, da CNDL, consideraram "paliativas" as medidas adotadas pelo governo de flexibilização do crédito e corte de juros.
Para Jack Strauss, do PNBE, o governo está demonstrando estar reagindo positivamente às pressões da sociedade, "que têm de continuar a acontecer".
O ex-presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, presente ao protesto, disse que quem fala em redução de juros "está levando gato por lebre".
"A remuneração dos Certificados de Depósitos Bancários caiu, de 3,82% para 3,5%, mas a inflação caiu mais ainda. Ou seja, os juros reais subiram", disse Lula.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, Heiguiberto Guiba Navarro, disse que o governo "no setor automotivo, são necessárias medidas de impacto para conter as demissões".
Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presidente da CUT, disse que, se for necessário, a central pode até vir a fazer greve geral para conter as demissões no país.
Em Brasília, sem conseguir levar mais que 200 pessoas à Esplanada dos Ministérios, a CUT optou ontem por uma estratégia carnavalesca no dia nacional de luta.
O objetivo foi impressionar. A passeata foi acompanhada por 28 carroças de catadores de papel, contratadas por R$ 20 cada uma.
"O governo FHC quer levar o país a um estado colonial, quando as pessoas andavam em carroças", disse Cláudio Santana, vice-presidente da CUT do Distrito Federal.
Um "destaque" da passeata-desfile era o ator Humberto Pedriani, 45, fantasiado de "Viajando Henrique Cardoso". Pedriani, que faz parte do grupo "Celeiro das Antas", vestia terno e uma faixa verde-amarela de papel crepon. Ele segurava bandeira do Brasil na mão, como FHC no desfile do dia 7 de setembro.
A "carroceata" saiu às 9h30 da sede da CUT, um prédio ao lado da rodoviária, na região central de Brasília. Quando seguia pela Esplanada dos Ministérios, o grupo aumentou com a chegada de um ônibus de agricultores sem-terra.
Às 11h15 os manifestantes se concentraram em frente ao Ministério da Justiça. Em frente ao Congresso, um sem-terra deitou em um caixão para protestar contra o massacre de Corumbiara (GO).
Em Recife (PE), cerca de mil pessoas, segundo os organizadores, participaram ontem da manifestação da CUT. A polícia não avaliou o movimento.
Em Belém, algumas categorias de funcionários públicos pararam ontem. Segundo o sindicato, pararam 80% dos funcionários estaduais da educação.
Os funcionários da UFPA (Universidade Federal do Pará) se concentraram em frente à reitoria de manhã. Os 200 funcionários da sede do Basa (Banco da Amazônia S/A), em Belém, pararam por uma hora no começo do expediente.

Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Agência Folha.

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