São Paulo, sábado, 30 de setembro de 1995
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Viúva de turista vê falha em socorro no Rio

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Kasuko Kawaguchi, viúva do físico japonês Minato Kawaguchi, morto em decorrência de um assalto sofrido no bondinho de Santa Teresa (zona sul do Rio), criticou o longo tempo que seu marido teve de esperar até ser operado.
O físico foi submetido a cirurgia no hospital Souza Aguiar (da rede municipal). Segundo ela, ele caiu do bondinho às 14h30 e só foi operado às 20 horas. "Se tivesse sido operado em uma ou duas horas, ainda estaria vivo", afirmou.
Ulisses Salgado, diretor do Souza Aguiar, diz que Kawaguchi deu entrada no hospital às 14h40 e foi levado para a sala de cirurgia às 18h45. Para o diretor, não foi o tempo que ele esperou para ser operado que determinou a morte.
"Ele estava de estômago cheio e não podia ser operado imediatamente. Se ele tivesse sido operado uma hora após o acidente, suas chances também seriam mínimas. Seu cérebro estava muito lesado."
Apesar disso, Kasuko, que é professora de direito e relações internacionais da Universidade Sofia, de Tóquio, disse que sua intenção não era criticar nenhuma autoridade brasileira.
"Quero que fique bem claro que não estou criticando as autoridades. Todos foram muito atenciosos com o caso de meu marido."
Ela disse que a morte de seu marido poderia ocorrer em qualquer lugar do mundo onde a distribuição de renda fosse desigual.
"Só queria que o ladrão tivesse consciência da tristeza que causou. Se ele tivesse pedido dinheiro a meu marido, ao invés de roubá-lo, ele estaria vivo", afirmou.
Kasuko não gostou de saber que o camelô Paulo Sérgio Cláudio de Oliveira, autor do crime, segundo a polícia, fora condenado por outro assalto e cumpria pena em liberdade. "Se ele tinha sido condenado, não deveria estar solto."
Ela, no entanto, disse sentir pena do criminoso.
Apesar da morte de seu marido ter sido noticiada pela imprensa brasileira, ela não acredita que isto vá ter influência no fluxo de turistas japoneses ao Brasil.
"Pela diferença cultural entre os dois países, é provável que os japoneses estejam achando que meu marido morreu porque foi desatento e não teve cautela", disse.

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