São Paulo, sábado, 30 de setembro de 1995
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Família de morto protesta contra PM

ISNAR TELES
DA FOLHA VALE

Cerca de 150 pessoas fecharam ontem por três horas a avenida Tancredo Neves (zona leste de São José dos Campos, 97 km de São Paulo), em protesto contra a morte do estudante Flávio Miranda Costa Silva, 17.
O protesto ocorreu porque os moradores acreditam que a morte do estudante foi provocada por um atropelamento durante uma perseguição da Polícia Militar a assaltantes, anteontem.
Depois da morte do estudante, a PM informou que ele era um dos assaltantes e que tinha sido baleado durante uma troca de tiros.
Os policiais chegaram a afirmar ainda que Costa, depois de morto, tinha sido jogado para fora do carro pelo próprio grupo com quem ele teria participado do assalto.
Ontem de manhã, a PM foi acionada para fazer o desbloqueio da avenida, mas não conseguiu dispersar a multidão.
"O nome do meu filho ficou manchado. Ele morreu como ladrão, sem nunca ter envolvimento com marginais, como disseram", afirmou a mãe de Costa, Maria Aparecida Miranda.
Segundo ela, o estudante retornava para casa no horário de almoço quando foi atropelado pelo Verona dirigido pelos assaltantes.
Um dos manifestantes, Adenir José Peres, 31, disse que testemunhas que viram a perseguição afirmaram que os assaltantes teriam atropelado o estudante para "desviar a atenção da polícia".
"Eles (os assaltantes) atropelaram, mas, pelo que sabemos, nem a própria polícia parou para prestar socorro", disse.
O subcomandante da Polícia Militar de São José, capitão Bolívar Martins Kinskowski, 47, afirmou que o socorro ao rapaz foi prestado e que a confirmação sobre a sua participação no assalto só seria definida após as investigações da Polícia Civil.
Flávio Costa cursava o 2º colegial na escola Alceu Mainardi de Araújo e trabalhava, segundo a mãe, como ajudante em uma empresa de produtos eletrônicos.

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