São Paulo, sábado, 30 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Merci, tenho nojo

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

O título desta semana pede explicação. É como se deve negar canapés em Brasília, segundo um engraçadíssimo manual de sobrevivência na capital federal criado por Jô Soares, na "Veja".
Segundo o humorista, a mistura de francês com despeito mostraria que o autor da frase era uma pessoa sofisticada, que lagosta e camarão eram comida para cães em sua casa. Algo importante no mundano universo de Brasília.
Pois, nesta semana, Irvine, correndo por fora, fechou contrato com a Ferrari.
Coulthard vai para a McLaren.
E Rubens Barrichello? Ficou na Jordan.
É claro que Barrichello não disse "grazie, tenho nojo" para a Ferrari. Mas afirmou ter dito não, o que é quase a mesma coisa.
Expôs seus motivos. A condição de segundo piloto não interessava da maneira como foi proposta pelos italianos.
Dizem que ele nem poderia ver a telemetria do carro de Schumacher.
Seja essa a razão, seja por estar preso a patrocinadores pessoais, por ter feito bobagem ou por ter sido simplesmente recusado, Barrichello não vai escapar.
Para a maioria dos brasileiros, por obra da mídia ou não, Barrichello perdeu a corrida pela vaga ferrarista.
E, para provar que tomou a decisão correta, terá que se desdobrar nas pistas em 96.
Já foi dito neste espaço, na semana passada, que o próprio Barrichello era um dos grandes culpados pela histeria criada em torno de seu nome.
E um subproduto dessa histeria fez o piloto criar um "grande rival" que o destino, agora, coloca no lugar que deveria ser seu, como se propagou no Brasil.
Enquanto isso, o irlandês ignorava as bravatas do companheiro. À Folha, Irvine disse: "Ele tem apenas 23 anos. Deixa falar".
E foi exatamente esse espírito desinteressado que o levou à Ferrari. Basta citar os seus primeiros contatos com a escuderia para ver que Eddie Irvine deve cumprir bem o papel que, até este ano, coube a Jean Alesi.
Ao ser apresentado a Luca de Montezemolo, presidente da escuderia, Irvine foi logo reclamando do preço das peças de reposição da marca -com conhecimento de causa, já que é proprietário de uma Ferrari.
Barrichello está apostando pesado. Já disse não à McLaren, em 94, e agora à Ferrari. Resta esperar para ver se ele tinha razão.

Texto Anterior: 'Bad boys' voltam aos campos do Senhor
Próximo Texto: Notas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.