São Paulo, sábado, 30 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pane à vista

Problemas em duas Centrais de Trânsito da Embratel, e a consequente sobrecarga das que operam no interior, geraram nesta semana nova pane no sistema telefônico do Estado de São Paulo. Já é a quarta do ano e atinge um Estado cujo dinamismo não deveria estar exposto a esse tipo de transtorno.
O problema denuncia um inaceitável descompasso entre o arcaísmo de um sistema estatizado de telecomunicações no país e a vertiginosa eficiência desses serviços nos países desenvolvidos, em que se faz jus à predição do advento de uma "aldeia global", feita por Marshall McLuhan para este fim de século. No Brasil dos monopólios, ainda é possível fundar, lastimavelmente, aldeias de incomunicabilidade.
Para subsidiar as chamadas locais, a Telebrás aumenta o custo dos serviços interurbanos e internacionais, tornando-os bem mais caros do que os oferecidos por outros países. Mas, em contrapartida, oferece à população serviços de qualidade altamente questionável, colocando em dúvida a própria conotação social que, teoricamente, teria o subsídio.
Curiosamente, em documento relativo à "reforma estrutural do setor de telecomunicações", obtido pela Folha, o Ministério das Comunicações apresenta metas ainda muito tímidas para a privatização no setor, prevendo uma "competição limitada" entre um "conjunto limitado de oligopólios regulados", cujos efeitos seriam plenamente sentidos apenas num prazo de cinco a dez anos. Resta saber quanto tempo o país pode esperar para colocar os pés na modernidade tecnológica.

Texto Anterior: Paradoxos da vida
Próximo Texto: Contru de farda
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.