São Paulo, sábado, 30 de setembro de 1995
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Covas acorda

FERNANDO RODRIGUES

SÃO PAULO -Já virou piada, e qualquer um que acompanhe política brinca dizendo que o governador de São Paulo, Mário Covas, só pensa "naquilo": Banespa.
Por conta dessa obsessão com o banco estatal paulista, falido, colou em Covas a imagem de que ele "não governa". Na semana que vem, o tucano pretende apagar essa idéia.
Covas vai lançar três grandes programas econômicos na terça-feira à tarde. Além disso, vai anunciar que São Paulo já captou US$ 6,680 bilhões em investimentos produtivos neste ano -dinheiro que entrará no Estado ao longo dos próximos dois anos.
Na terça-feira, Covas anunciará o seguinte: 1) um programa de desenvolvimento econômico e de competitividade; 2) a criação de câmaras setoriais paulistas e 3) o lançamento de uma bolsa de empregos para funcionários públicos que entrarem no programa de demissões voluntárias.
O programa de desenvolvimento e de competitividade, batizado de PDC, vai centralizar as negociações de novos investimentos no Estado. Algo que é feito hoje de forma completamente difusa.
É incrível, mas São Paulo nem sequer tem uma brochura em inglês atualizada descrevendo o potencial da região. Algo que qualquer cidade média nos EUA tem. O PDC vai produzir esse tipo de propaganda para São Paulo.
As câmaras setoriais vão copiar para o Estado uma experiência federal. Convidar empresários, trabalhadores assalariados e governo para discutir algum setor da economia e mudar as regras.
O governador avisa que a primeira câmara setorial será para os portos do Estado. Trata-se de área explosiva. Covas é de Santos, sede de um dos mais atrasados portos do mundo.
O tucano nunca demonstrou muito vigor no combate às corporações santistas que atrasam o porto local. Será a sua chance de aplicar o "choque de capitalismo" que prometeu em 89, na sua fracassada campanha para presidente.
Sobre funcionários públicos, as demissões voluntárias vão depender de aprovação da Assembléia Legislativa.
Tudo isso pode ser apenas retórica. Mas, se na prática funcionar, Covas estará iniciando de fato o seu governo.
Dez meses depois da posse.

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