São Paulo, segunda-feira, 1 de janeiro de 1996
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Aliados criticam juros e política social

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A política de juros altos e a falta de ação mais agressiva na área social são as principais críticas de líderes e parlamentares governistas ao primeiro ano do governo Fernando Henrique Cardoso.
Mesmo ressalvando que os problemas devem ser superados em 96, a crítica é quase unânime. José Aníbal (SP), líder do PSDB na Câmara, por exemplo, ataca a política de juros.
"Os juros altos dificultaram muito a política para investimentos produtivos", diz Aníbal, ressaltando o reflexo dessa opção no nível de emprego.
O líder tucano destaca ainda que o caminho dos juros altos fez com que as dívidas da União, dos Estados e dos municípios chegassem a patamares preocupantes.
Deputado do PSDB com atuação voltada para a área econômica, Antônio Kandir (SP) diagnostica um "excessivo conservadorismo" do governo na política de juros. Para ele, as taxas altas foram necessárias até julho de 95. "Sobretudo a partir de setembro, poderiam ter sido reduzidas mais agressivamente", acha.
Na mesma linha, o senador paulista Pedro Piva (PSDB) pondera que juros altos são incompatíveis com investimentos produtivos. Piva defende uma taxa diferenciada de juros para investimentos.
"Juros mais baixos para investimentos são praticados na maioria dos países desenvolvidos", declara o senador tucano.
Juros elevados e desemprego também estão incluídos entre os pontos negativos do primeiro ano de FHC, na avaliação do líder da bancada do PMDB na Câmara, Michel Temer (SP).
Social
A crise social e a demora ou falta de ação do governo nessa área também figuram entre as críticas de parlamentares governistas. O deputado Almino Affonso (PSDB-SP) é um dos tucanos que apontam defeitos da administração de seu partido no campo social.
"Não obstante os esforços da professora Ruth Cardoso, ainda não há uma visibilidade nesse setor que nos permita aplaudir a política social", opina Almino.
Inocêncio de Oliveira (PE), líder do PFL na Câmara, inclui a falta de soluções para o Nordeste como um dos defeitos do início do governo FHC.
"Existem milhões de pessoas sem salário ou jogadas na informalidade e esse fato exige uma resposta adequada do governo", analisa o deputado paulista Alberto Goldman (PMDB-SP).
Mesmo tendo votado com o governo em algumas questões relevantes, como ocorreu no caso da quebra dos monopólios estatais, Fernando Gabeira (PV-RJ) critica FHC na hora de comentar a política social do governo.
"A atuação na área social está muito aquém do que se espera do governo", diz Gabeira. Ligado ao ex-governador Orestes Quércia, mas pertencente a um partido que dá sustentação política ao presidente da República, o peemedebista paulista Marcelo Barbieri afirma que o país vive um "aprofundamento brutal da crise social", com óbvias consequências.

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