São Paulo, segunda-feira, 1 de janeiro de 1996
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Verão traz cerveja em garrafa transparente

SUZANA BARELLI; ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

As cervejarias brasileiras estão apostando nas garrafas transparentes neste verão.
Querem, com isso, criar um novo hábito de consumo, oferecer um produto diferenciado aos clientes na estação do calor e concorrer com as marcas mexicanas.
Brahma, Antarctica e Kaiser lançaram neste verão a sua versão de cerveja em garrafa transparente.
"As transparentes ainda são um nicho de mercado, mas têm grande potencial", diz Francisco dos Santos, gerente de marketing da Antarctica. A empresa lançou a Extra Cristal.
Apesar do potencial, segundo ele, ainda é cedo para precisar o tamanho desse segmento.
Sabe-se apenas que todas as importadas (incluindo as transparentes) respondem por menos de 3% dos 7 bilhões de litros de cervejas consumidos anualmente pelos brasileiros.
Limão
Renato Secco, gerente de produto da Kaiser, justifica o lançamento da Summer Draft, há 15 dias, pela postura da empresa de inovar no mercado de cerveja e não tanto pela necessidade de fazer frente às mexicanas.
"Fomos os pioneiros com a bock e queremos passar essa imagem ao consumidor", diz Secco, que está investindo US$ 2 milhões em marketing.
As marcas mexicanas -Sol e Corona são as mais conhecidas- estão fazendo sucesso com a embalagem transparente e o marketing de serem tomadas com limão.
A Brahma, por sua vez, afirma que investirá US$ 50 milhões em cinco anos para promover a Genuine Draft.
A cerveja chega ao Brasil como resultado da parceria da empresa nacional com a norte-americana Miller.
Por enquanto, a Miller é importada, mas a Brahma estuda produzi-la no Brasil a partir do segundo semestre do ano que vem.
As cervejarias nacionais afirmam que o produto em garrafa transparente demorou para chegar por questões tecnológicas e também porque a economia brasileira não estava aberta à importação.
"A cerveja sempre foi embalada em garrafas âmbar, de cor opaca, para não perder sabor com a incidência da luz", diz Santos, da Antarctica.
Tecnologia
Para ser vendida em embalagem transparente, a cerveja tem de ser feita com um lúpulo (flor de uma planta aromática que dá o amargor e o aroma à bebida) especial, mais resistente à oxidação provocada pelo contato com a luz.
"Por não ter esse lúpulo, as cervejas pilsen sempre foram colocadas em garrafas de cor opaca", diz Secco.
O lúpulo está sendo importado, tanto pela Kaiser como pela Antarctica. Esse lúpulo recebe, ainda, tratamento especial na fábrica.
Na fabricação, essas cervejas não passam pelo processo de pasteurização (processo de aquecimento com resfriamento súbito). São apenas filtradas a frio, em processo semelhante ao do chope. Essa diferença de processo tecnológico é explorada em propaganda na TV pela cerveja Miller.
Apenas a Antarctica desenvolveu esse processo de fabricação no Brasil. A Brahma vai usar a tecnologia da Miller e a Kaiser se baseada no processo usado pela Heineken, sua parceira holandesa.

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